A vida sexual das abelhas: cientistas descobrem o namoro delas no ar


Como será a dança do acasalamento das abelhas? Cientistas rastrearam os machos da espécie para descobrir os seus hábitos sexuais.

Existem muitas lacunas sobre a vida sexual das abelhas. A razão disso é que a espécie realiza uma dança aérea para se acasalar que é realizada 50 metros acima do solo, o que impossibilita a observação do ato sexual da espécie.

O voo dos zangões

Segundo o The Conversation, a curiosidade fez com que um grupo de investigadores passassem dois anos tentando rastrear as rotas de voo dos zangões, os machos das abelhas.

Os zangões têm um objetivo na vida: acasalarem-se com uma rainha virgem. Novas rainhas fazem até seis voos nupciais no início de suas vidas, durante os quais se acasalam com seis a 24 zangões diferentes. Eles armazenam o esperma, que é usado para fertilizar todos os óvulos das abelhas operárias, que os colocam para o resto de suas vidas – mais de 1.000 por dia!

Os zangões saem da colmeia várias vezes ao dia em busca de sexo. Mas para onde eles vão?

Tentando atrair fêmeas exigentes

As tentativas de desvendar esse mistério começaram há 200 anos. Com a tecnologia disponível atualmente, os cientistas usaram um tipo de radar para revelar os movimentos de zangões individualmente. Para isso, foram colocados no tórax dos machos pequenos equipamentos eletrônicos, conhecidos como “transponders”. O radar procurava constantemente pelos sinais eletrônicos que chegavam, permitindo descobrir a posição da abelha.

Os zangões alternaram entre duas formas de voo: uma com voos diretos e eficientes entre lugares e a outra com voos circulares e em loop. Descobriu-se que estes voos mais sofisticados estavam agrupados em quatro regiões específicas – conhecidas como áreas de congregação.

Os cientistas encontraram um certo padrão nas áreas da congregação: quanto mais eles voavam do centro da área, mais fortemente eles aceleravam de volta para lá (imagine bolinhas de gude caindo no fundo de uma tigela íngreme, começando a subir pelas laterais apenas para voltar rapidamente para o meio). Esse padrão de aceleração simula uma força física que faz as abelhas ficarem unidas, mantendo, assim, um enxame coeso.

A explicação dos cientistas é que as congregações são uma forma de “lek” (grandes grupos de animais machos que se reúnem para atrair uma parceira), onde os machos costumam fazer exibições elaboradas para atrair fêmeas exigentes.

Existem várias razões possíveis pelas quais os “leks” podem ter evoluído. A mais provável de se aplicar às abelhas é que os machos se reúnem em lugares que as fêmeas provavelmente visitarão. Isso permite que machos e fêmeas se encontrem sem precisarem vasculhar a paisagem inteira – algo bastante difícil para uma pequena abelha.

A diferença entre as abelhas e outras espécies é que freqüentemente elas voam entre as áreas de congregação de zangões, permanecendo por apenas alguns minutos em cada uma, enquanto os animais das outras espécies geralmente são muito fiéis a um único local.

O grande enigma dessa história toda é como os zangões conseguem encontrar essas áreas. Os resultados da pesquisa indicam que as áreas de congregação atraem as abelhas por pelo menos dois anos, mas nenhum zangão individualmente vive o suficiente para passar o conhecimento sobre como encontrá-las para a próxima geração.

Compreender o comportamento de acasalamento dos zangões é importante para os apicultores gerenciarem seus programas de criação, além de contribuir cientificamente para desvendar um antigo mistério sobre o comportamento das abelhas.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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