Pequeninos indefesos: os peixes de água doce mais ameaçados do Brasil


“Os peixes são vistos como recurso e não como fauna, muitas vezes as pessoas não estão cientes disso”, disse Ricardo Macedo Corrêa e Castro, professor titular de Biologia na Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto.

Em um vídeo publicado pelo Nexo Jornal, o professor Ricardo explica um pouco sobre os peixes de água doce mais ameaçados no Brasil.

Segundo ele, o Brasil é um dos 17 países da megadiversidade, sendo os peixes de água doce a maior parte, 3.150 espécies, entre as espécies de vertebrados do Brasil.

“A América do Sul tem entre 7 a 9 mil espécies de peixes de água doce, sendo que 1 em cada 5 espécies de peixes do planeta é sul-americana e a maioria brasileira”, afirma o professor.

O grande problema é que, dessas 3.500 espécies, 70% dos peixes de água doce têm 15 centímetros ou menos de comprimento, quando são adultos. Esses peixes vivem em lugares que não imaginamos, como por exemplo em charcos e em pequenos riachos, que são os braços de grandes rios.

Os peixes menores que vivem nesses riachos são tão importantes quanto os maiores, que têm mais visibilidade e representam maior interesse econômico. Como exemplo, Ricardo cita o Dourado e o Tucunaré.

De acordo com a lista vermelha mais recente do ICMBio, 81% das 311 espécies de peixes ameaçadas são desses pequenos peixes. Ou seja, apenas 19% dos peixes de água doce são de porte médio ou grande.

Peixes anuais

Metade desses pequenos peixes são anuais e vivem em poças ou depressões formadas pela água da chuva ou dos rios que transbordam. Esses são os chamados peixes da chuva ou das nuvens, botam os ovos no fundo das poças e quando elas secam, os ovos ficam dormentes.

Quando as poças enchem de novo, os ovos viram peixinhos e eles se reproduzem. Esses peixes são mal distribuídos e vivem em regiões nas quais costumamos aterrar e fazer condomínios.

O restante dos 81% de peixes ameaçados vivem em riachos que dependem de vegetação marginal, que fornece comida e abrigo para os peixes. O maior inimigo desses peixes são as atividades agropecuárias, que estragam a vegetação e mudam completamente o ambiente do riacho.

Os pequenos peixes não migram e vivem em pequenas áreas, já os grandes como o Dourado e o Tupinambá, por exemplo, fazem grandes migrações e toleram bem as flutuações e condições da água.

Maravilhe-se com a biodiversidade

Ricardo chama a atenção para o fato das pessoas não conhecerem esses peixinhos e relata que em visita a algumas propriedades particulares, ele convida as pessoas a observá-los.

Disse ainda que as crianças ficam maravilhadas quando os vêem.

Por isso é tão importante conservá-los, mas para conservar os peixes de água doce é preciso tornar o público consciente de que existem várias espécies e não apenas as que eles estão acostumados a ver.

Veja o vídeo da entrevista completa no Canal do Nexo Jornal no Youtube

Aqui um vídeo da doutoranda da FURG, Crislaine Barbosa, para se maravilhar com esses pequeninos indefesos e entender a importância da conservação deles.

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Fonte foto: Science – Brazilian Killifishes Risk Extinction




Eliane A Oliveira

Formada em Administração de Empresas e apaixonada pela arte de escrever, criou o blog Metamorfose Ambulante e escreve para greenMe desde 2018.


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