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Você já ouviu falar do Gato Andino? Esta espécie felina selvagem não é muito conhecida e está sob ameaça de extinção. Para se ter uma ideia, no Chile, existem menos de 400 animais adultos dessa espécie. É importante saber mais sobre o Gato Andino, visando sua defesa e preservação e, por, isso este conteúdo traz várias informações sobre esse animal. Confira!
O Gato Andino vive em áreas remotas, que vão do centro do Peru até a Estepe Patagônica, lidando com ambientes difíceis.
Esse felino está ameaçado pela caça e pela devastação de seu habitat e, além disso, esta espécie sofre por ser rara e ter poucos indivíduos, o que dificulta a sua preservação pois, como proteger um animal difícil de ver e localizar? Por isso, esse animal está em sério risco de extinção. Os integrantes dessa espécie se encontram espalhados por um vasto território, no qual a maioria de seus defensores não conseguem localizá-los e protegê-los.
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O Gato dos Andes (Leopardus jacobita) pertence à família dos Felidae e vive naturalmente na América do Sul.
Este animal tem o tamanho de um gato doméstico grande, medindo no comprimento da cabeça-corpo de 57 a 85 cm, com cauda de 41 a 48 cm e pesando 4,0 kg de peso.
Ele tem corpo robusto, membros grossos e pés grandes, seu rosto não é bem marcado, possui faixas escuras nas têmporas e bochechas, e apresenta uma expressão, atenta e de alerta.
A cauda do Gato Andino é longa, com pele bem densa, que lhe confere uma aparência inchada e tubular, e tem de 5 a 10 faixas grossas de cor ferrugem, ao longo dela.
O pelo dele é espesso e de cor cinza prateado, tendo no rosto e corpo grandes manchas cor de ferrugem ou até cinza acastanhado intenso.
Não é uma lindeza?
O Gato Andino por ser parecido e ter parentesco com o Gato dos Pampas, é comum de ser confundido com ele. A diferença entre eles, é que o Gato dos Pampas, em geral, é mais manchado, não tem a cauda longa e grossa e possui um nariz rosa ou avermelhado, enquanto que o nariz do Gato dos Andes é escuro.
O Gato dos Andes se alimenta de roedores que vivem em habitats rochosos.
No passado, se alimentava mais da Chinchila de cauda curta, que na atualidade é uma espécie que se encontra reduzida à poucas populações e, ainda, em risco de extinção, porque é caçada para extração de sua pele.
O Gato Andino é um animal de hábito mais noturno, com início de maior atividade ao entardecer, sendo o crepúsculo e o amanhecer mais intensos para a sua busca de alimentos.
Ele procura por suas presas em habitats rochosos, onde pode caçar com presteza e alta velocidade.
Esse animal, embora viva com outros de sua espécie, exerce suas atividades de forma mais solitária.
A Primavera e o Verão, período que ocorre de Outubro a Março no hemisfério sul, marcam a fase reprodutiva dessa espécie, que também coincide com o dos nascimentos de muitas espécies de suas presas.
Devido à falta de informações exatas, se pressupõe que a gestação dessa espécie leve cerca de 60 dias, com o nascimento de um ou dois filhotes.
A espécie do Gato Andino está distribuída pelo Peru Central e do Sul, na Bolívia Oeste, no Chile e na parte oeste da Argentina.
Nos Andes, esta espécie vive em áreas áridas ou semi-áridas com vegetação escassa, acima da linha de árvores, principalmente em habitats com declives rochosos.
O Gato dos Andes também pode ser encontrado nas estepes da Patagônia (sudoeste da Argentina), em áreas rochosas com mato e vegetação de estepe, abaixo do nível da floresta.
Atividades como pastoreio de gado, agricultura, mineração, exploração de petróleo e caça têm causado impacto em regiões rochosas e fontes de água, onde vive o Gato Andino, afetando sua existência e das espécies que lhe servem de alimento. Por isso, é um animal que se encontra em ameaça de extinção e de difícil conservação.
Segundo a mística das tradições indígenas Aymara e Quechua, o Gato dos Andes é considerado um animal sagrado relacionado à riqueza, proteção, bem-estar e espiritualidade.
Em Maio de 2017, foi noticiado pelo site Mongabay o aparecimento de um Gato Andino vagando em um campo de futebol da Bolívia. O felino selvagem estava distante de seu habitat e de outros de sua espécie.
Os habitantes da região colocaram o animal em uma gaiola para encaminhá-lo às autoridades de conservação animal.
Como o felino foi parar em um local tão distante de seu habitat natural é uma incógnita. Essa situação se tornou a oportunidade dos conservacionistas estudarem e conhecerem mais sobre esse animal e sua espécie, pois, embora busquem a preservação deles, ver mais de perto o Gato Andino é algo raro! O Gato Andino encontrado foi amparado pela entidade Aliança pelos Gatos Andinos (AGA).
Segundo o primeiro levantamento da população de Gatos Andinos, publicado em 2016 na IUCN (Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza), existem apenas 1.378 espécimes adultos, sendo que se encontram espalhados por mais de 150.000 quilômetros quadrados de montanhas que vão do nordeste do Peru até a Patagônia.
Devido a esse contexto e os fatores de risco à essa espécie, o Gato Andino faz parte da lista vermelha da IUCN, ou seja, da lista de animais em vias de extinção.
A organização Aliança pelos Gatos Andinos é uma entidade que conta com equipes de especialistas conservacionistas, e de voluntários dedicados à proteção desta espécie, em toda a área em que a espécie circula e vive.
Uma missão difícil pois levantar informações e dados sobre a população de uma espécie com pouca quantidade de indivíduos e baixa densidade geográfica é um enorme desafio.
O gato selvagem, que ficou sob os cuidados da AGA, recebeu o nome de Jacobo e esse foi o primeiro contato da entidade com um indivíduo da espécie. Rocío Palacios, bióloga e co-coordenadora da organização, em entrevista para o site Mongabay, abordou essa convivência, a importância do contato com Jacobo e de saber mais sobre esse animal, dizendo:
“Não se trata apenas da salvação de um gato, esse animal é um símbolo dos Andes.
Quando debatemos a salvação desse gato, estamos debatendo a salvação de todo um território.”
A respeito das constatações conservacionistas sobre Jacobo, ela contou:
“Encontrar Jacobo foi algo poderoso.
Os pesquisadores e profissionais que se voluntariaram na AGA (Alianza Gato Andino) trabalham em conjunto, há muito tempo, e sempre nos deparamos com perguntas sobre a história de vida dos Gatos ( Andinos):
Quantos filhotes eles têm?
Qual é o período de acasalamento?
Qual é a fisiologia deles?
Essas são perguntas básicas que não podemos responder, porque nunca tivemos um espécime em cativeiro?
Antes de Jacobo, nem mesmo sabíamos a composição do sangue do Gato (Andino).”
A entidade iria manter Jacobo, em cativeiro, para estudo e o melhor local para ele ficar era no Zoológico Municipal Vesty Pakos, em La Paz [Bolívia], onde foram construídas jaulas especiais para ele, para não se acostumar com a presença de humanos e ficar domesticado, e lá foi cuidado, ganhando até quilos a mais em seu peso.
Foi criado um comitê interinstitucional, organizado pela entidade AGA, para acompanhar e monitorar tudo relacionado ao bem-estar de Jacobo.
O plano era libertá-lo após o Inverno, quando o clima não estivesse tão rigoroso, entretanto, ele começou a dar indício de estresse de cativeiro e isso foi um sinal que seria necessário soltá-lo rapidamente, para a situação dele não se agravar.
Os membros da Aliança pelos Gatos Andinos renunciaram à oportunidade de estudar o animal em cativeiro, devolvendo-o à vida selvagem.
As Coordenadoras da Aliança pelos Gatos Andinos, Rocío Palacios e Lilian Villalba, organizaram a força multinacional de voluntários. Foi colocada uma coleira equipada com GPS em Jacobo, para rastreá-lo em suas atividades.
A AGA, mesmo com dificuldades estruturais financiou todas as ações e serviços essenciais e necessários para poder liberar o animal com segurança.
Jacobo foi solto no Parque Nacional de Sajama, na Bolívia.
Após o monitoramento dos seus primeiros dias na região, através de sinais de rádio, detectou-se que ele iniciou a exploração de lugares mais afastados do local.
Sobre a reinserção de Jacobo à vida selvagem, Rocío Palacios comentou:
“Agora, mesmo quando não estou diretamente envolvida no monitoramento do Jacobo, estou sempre tentando descobrir onde ele está; ele é como um filho que foi estudar no exterior, todos estão de olho em como ele está se saindo.”
Este vídeo mostra o momento de reinserção de Jacobo à Natureza.
Sobre as próximas ações para a preservação do Gato Andino e a importância de Jacobo nesse objetivo, Rocío Palacios, a co-coordenadora da entidade AGA, deu várias informações:
“Nosso objetivo principal é impedir a caça.
Quando estava terminando minha pesquisa no norte da Patagônia, mais da metade dos dados usados naquela dissertação vieram de gatos mortos.
Mais de 20 gatos mortos, um número gigantesco para uma espécie de baixa densidade.”
“Ano que vem (2018), também queremos começar uma rede de monitoramento em zonas de proteção.
Era o meu principal projeto em trabalhos de campo anteriores.
Se isso for implementado corretamente, o Gato Andino será incorporado ao plano de ação para zonas de proteção.
Isso funciona como ferramenta de conservação, porque ajuda a detectar mudanças repentinas nas tendências da população (do Gato Andino).”
“E obviamente, tem o Jacobo.
Temos que continuar a acompanhá-lo.
Ele foi solto em uma região muito remota, em um parque que se estende através da Bolívia e do Chile.
Quando fomos à campo em busca de sinais [de rádio] em Outubro, Novembro, e Dezembro (2016), encontramos, em uma ocasião, um sinal bem distante, e depois nunca mais.
Estamos tentando organizar um sobrevoo para procurá-lo mais uma vez antes que a bateria acabe.
“Embora seja frustrante não saber exatamente o seu paradeiro, é bom que Jacobo tenha se distanciado do local de sua soltura, em busca de um local apropriado para delimitar seu território.
Ele está em algum lugar e, porque todos têm importância, sabemos que tomamos uma decisão acertada ao soltá-lo.”
“Para nós, Jacobo é bem mais do que qualquer outro gato; ele é um símbolo dos Andes.
Assim como um ser vivo precisa de Alma, a Alma dos Andes é representada por Jacobo.”
De tudo isso, é perceptível o quanto é necessário a educação e a conscientização sobre a importância do Gato Andino e das ações efetivas de proteção à sua espécie. Para isso é necessário a união do poder público, das empresas, das entidades de proteção e da comunidade.
Que isso seja alcançado enquanto é tempo, para que esta espécie linda e rara possa continuar existindo! Vocês se apaixonaram por esse gato?
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Categorias: Animais em extinção, Informar-se
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