Cara-roxa, um papagaio brasileiro antes em extinção, agora em recuperação


O cara-roxa, Amazona brasiliensis, é um papagaio colorido, muito bonito e vistoso, que habita as áreas de restinga de Mata Atlântica no litoral de São Paulo e Paraná. Esteve à beira da extinção pela pressão das derrubadas de matas de restinga, onde encontra seu habitat e agora está em franca recuperação.

Nas restingas de Itanhaém o cara-roxa, sempre aos pares, é visto nas árvores de pera (Pera cf. glabrata), nativa, em coqueiros e outras frutíferas que fazem parte do seu rol de alimentos.

A boa notícia é que o cara-roxa está recuperando sua população nos litorais de São Paulo e Paraná após um declínio acentuado.

Hoje já se contam mais de 7 mil indivíduos em vôo livre pelos nossos céus, segundo a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), uma das organizações ambientalistas nacionais que trabalha para a recuperação da espécie, pela preservação dos nichos, áreas de alimentação e matas contínuas.

O cara-roxa é importante por que?

Bem, essa lindeza é bem nossa – um dos papagaios endêmicos da Mata Atlântica, bioma brasileiro. Isso quer dizer que só existe cara-roxa aqui, nas nossas terras e na região onde ainda subsiste o bioma Mata Atlântica, um dos mais ameaçados no nosso país.

Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa

O Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa foi criado em 1998 pela SPVS e funciona com a ajuda de voluntários: “São estudantes, pesquisadores e moradores do entorno das áreas de conservação, dispostos a colaborar com a preservação da biodiversidade da região”, diz Elenise Sipinski, coordenadora do projeto.

O monitoramento em campo é feito durante o período reprodutivo das aves e o projeto inclui, aparte a contagem de indivíduos, a implantação de ninhos artificiais, programas de educação para a conservação da natureza, ações locais de conscientização e iniciativas de combate à captura e comércio ilegais e ao desmatamento.

“Sempre somos procurados por mais candidatos a voluntariado do que conseguimos atender. São estudantes, pesquisadores e moradores do entorno das áreas de conservação dispostos a colaborar com a preservação da biodiversidade da região”, comemora Sipinski.

O desmatamento é um dos mais sérios riscos que corre o papagaio-da-cara-roxa já que, pela destruição da sua fonte alimentar, as árvores frutíferas da restinga. O cara-roxa também se alimenta de insetos e sementes.

Mas, o principal fator de redução das populações de cara-roxa é a derrubada das árvores onde nidificam – em geral, nos ocos de coqueiros nativos – pois, os casais de cara-roxa só colocam seus ovos na mesma árvore e, se esta for derrubada, não fazem mais a procriação.

As maiores populações de Amazona brasiliensis, segundo o censo de 2017, estão em áreas preservadas dos parques e reservas ecológicas como o Parque Nacional do Superagui (2.295 papagaios) e na Estação Ecológica da Ilha do Mel (1.600), Unidades de Conservação dos municípios de Paranaguá e Guaraqueçaba (PR). “Este dado reforça o quanto a preservação de toda a região é importante para a sobrevivência do papagaio-da-cara-roxa, que se desloca por todo o litoral em busca de alimento e abrigo”, afirma. E mais ainda, há que se ter em conta a necessidade de maciços vegetais contínuos para que o equilíbrio ambiental do bioma se mantenha preservado também.

Apesar de passarinho voar, e o céu não ter limites, a preservação deles depende, claro, do que tempos na terra, bem fincado e produzindo, das águas que alimentam as matas, da matéria orgânica acumulada na serapilheira da floresta.

Fonte SPVS. Foto Zig Koch




Redação greenMe

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