Índice
Tantas espécies de peixes de água doce e salgada para serem consumidas no Brasil, mas o mercado brasileiro têm comercializado tubarões e raias, animais sob a ameaça de extinção.
Para disfarçar, esses peixes são comercializados pelo nome de cação, mas na verdade são mais de 16 espécies de tubarões e raias que têm sido caçadas, colocando-as em risco. Elas foram encontradas em pontos de venda do Sul do país, região com uma das maiores indústrias pesqueiras do Brasil. Dentre as espécies ameaçadas estão: raia-viola (Squatina occulta), classificada como criticamente ameaçada, e o tubarão-martelo-entalhado (Sphyrna lewini), classificado como vulnerável.
O pesquisador da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) Victor Hugo Valiati divulgou esse alerta a partir do trabalho de pesquisa que vem realizando com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Foram visitados 15 pontos de venda em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, entre 2012 e 2013.
O comércio é tão cruel que alguns pescadores tentam driblar a fiscalização desfazendo-se das partes que identificam as espécies, como cabeça e barbatanas, para vender os “peixes” já em filés. O tubarão-martelo-entalhado é a espécie mais pescada no Brasil, aparecendo em 23% das amostras, e a segunda espécie é o tubarão-azul (Prionace glauca), com 13% de presença.
A diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, diz que a iniciativa “faz com que os olhares se voltem para uma questão que pouco tem sido discutida, mas que poderá ter grande impacto no equilíbrio do ambiente marinho: a redução drástica das populações de tubarões e raias“. O projeto visa, também, a informar o consumidor sobre o que ele, na verdade, está comprando.
Os tubarões ocupam o topo da cadeia alimentar dos oceanos. São predadores por excelência, contribuindo para o equilíbrio das populações das espécies que são suas presas. Segundo Valiati: “Retirá-los do ecossistema marinho causará grande desequilíbrio nos oceanos, gerando, por exemplo, a superpopulação de espécies comumente predadas que, por sua vez, pode impactar a vida das comunidades ribeirinhas e o comércio pesqueiro, por exemplo. Não há como ter certeza do que acontece com a retirada de um predador de topo de cadeia, mas, com certeza, as consequências são catastróficas tanto em termos de biodiversidade como econômicas, e é melhor não pagar para ver”.
Já as raias sofrem ainda mais, pois são capturadas pela pesca artesanal e industrial. A pesca indiscriminada pode afetar o tamanho das fêmeas e, consequentemente, o número de filhotes a cada gestação. “Isso tem interferido no tamanho e quanto menor elas forem, menos filhotes conseguem gestar de cada vez, afetando diretamente o número de indivíduos das populações”, conclui Valiati.
Como consumidores temos o direito de saber o que estamos comprando, além de termos o dever de não fomentar esse mercado ilegal. Procure sempre se informar sobre os peixes que você consome para não levar tubarão por cação.
10 ANIMAIS EM EXTINÇÃO QUE PODEM DESAPARECER AINDA ESTE ANO
VOCÊ SABE QUAIS SÃO OS ANIMAIS BRASILEIROS EM EXTINÇÃO?
Fonte foto capa: Sphyrna lewini. Foto Rodrigo Machado/Fundação Grupo Boticário
Categorias: Animais em extinção, Informar-se
ASSINE NOSSA NEWSLETTER