Dragão-azul: um molusco surpreendentemente lindo e venenoso


O dragão-azul (Glaucus atlanticus) é um molusco de aparência surpreendente e bizarra, que vive nas águas temperadas e tropicais de todos os oceanos do mundo. Ele possui uma coloração azul forte e é bem pequeno.

Trata-se de uma das espécies de lesmas-do-mar pertencentes ao grupo dos moluscos nudibrânquios da família Glaucidae, sendo a única espécie conhecida do gênero Glaucus.

As estranhas e chamativas características de seu corpo o tornam parecido com um dragão em versão miniatura e aquática.

Apesar do seu porte pequeno, o dragão-azul é considerado um dos animais mais mortais da natureza pelo fato de conseguir absorver o veneno de suas presas e usá-lo como seu.

© Sylke Rohrlach from Sydney / Wikipedia

© Sylke Rohrlach from Sydney / Wikipedia

Saiba mais sobre essa curiosa criatura.

Outros nomes

O dragão-azul é também conhecido como:

  • anjo-azul
  • andorinha-do-mar
  • dragão-azul-do-mar
  • glaucus-azul
  • lesma-azul-do-mar
  • lesma-dragão
  • lesma-azul-do-oceano
  • lagarto-do-mar

Características

Este nudibrânquio, em geral, mede de 3 a 4 cm de comprimento. Mas alguns espécimes podem atingir 7 cm.

Ele apresenta uma coloração azul-prateada na face dorsal e azul pálido na face ventral.

O pé é raiado por faixas longitudinais azul escuras ou negras.

O formato do corpo se caracteriza por tronco-cônico, aplainado, com seis apêndices que se ramificam em raios afilados.

A rádula tem dentes que se assemelham a minúsculas espadas.

Uma bolha de ar armazenada em seu estômago mantém o dragão-azul flutuando.

A sua cor azul vibrante atua como camuflagem em combinação com as ondas do mar.

Imagens do dragão-azul

Habitats

Pode ser encontrado flutuando na superfície dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico.

Esta lesma-do-mar vive no litoral brasileiro, nas costas leste e sul da África do Sul, nas águas europeias, na costa leste da Austrália, nas costas de Moçambique e dos Açores.

Alimentação

Alimenta-se de outros animais de maiores dimensões, entre os quais cnidários como: a caravela-portuguesa (Physalia physalis), Velella velella, Porpita porpita e moluscos como Janthina janthina.

Destas presas, a preferida é a caravela-portuguesa, que é venenosa e se assemelha a uma água-viva.

Ao ingerir a caravela-portuguesa, ele extrai as células urticantes chamadas nematocistos, e as concentra em seus próprios apêndices semelhantes a dedos, situados nas bordas de seu corpo.

O dragão-azul consegue esta façanha porque é imune ao veneno da caravela-portuguesa. Ele consegue consumir essa presa inteiramente, selecionando e armazenando suas toxinas e os nematocistos de seu veneno.

Além dele armazenar as toxinas da caravela, o dragão-azul tem a capacidade de potencializá-lo e usá-lo, apresentando riscos a outros seres, inclusive ao homem. Quando o dragão azul é ameaçado ou tocado, ele pode liberar essas células urticantes ao aplicar um ferrão muito mais potente do que a caravela-portuguesa sozinha.

Outro comportamento relacionado à sua alimentação, é que, na falta de alimento, o dragão-azul pode se tornar canibal, predando indivíduos da própria espécie.

Sexualidade e reprodução

Como a maioria das lesmas-do-mar, o dragão-azul é hermafrodita apresentando tanto órgãos sexuais masculinos como femininos. No entanto, não pode fertilizar sozinho, dessa forma, os pares precisam realizar o acasalamento. Os ovos produzidos são alongados e em forma de espiral e podem ser gerados tanto nos machos quanto nas fêmeas.

Estado de Conservação

Devido à sua natureza pelágica de flutuar no oceano aberto, o número exato e o status da espécie Glaucus atlanticus são desconhecidos. No entanto, acredita-se que o animal possa estar ameaçado de extinção.

As causas da ameaça à sua preservação estão relacionadas com o comércio de animais de estimação exóticos, a poluição e a acidificação dos oceanos, fatores que podem ter levado à redução dessa espécie.

Esses fatores também afetam suas presas, o que prejudica o dragão-azul porque sem alimento, ele se alimenta de sua própria espécie.

Uma criatura sui generis

Como visto, além de ter uma aparência ímpar, este molusco envolve muitos fatos interessantes que o torna uma criatura aquática sui generis.

Você já tinha visto o dragão-azul?

Fontes:

  1. Wikipedia
  2. Nature-PBS
  3. Oceana
  4. American Oceans
  5. Encyclopedia of Life
  6. Ocean Info
  7. Glaucus Atlanticus Overview & Features
  8. Paul Stewart

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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