Resumo da COP26: o que deu certo e o que falhou na cúpula


A COP26 terminou no sábado, 13, com muitas críticas e algumas esperanças. A principal meta, a de limitar o aquecimento global a 1,5°C, foi mantida viva e isso foi uma das principais “vitórias” da cúpula.

Vejamos o que mais deu certo e o que deixou a desejar no acordo final assinado pelas partes.

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Redução global das emissões de CO2

O acordo de reduzir as emissões de CO2 em 45% até 2030 em comparação com 2010, e de zerar a liberação de CO2 em até 2050 foi considerado uma vitória, embora ninguém saiba como as partes conseguirão isso, dado que, de última hora, China e Índia, dois grandes emissores dependentes do carvão como fonte de energia, conseguiram alterar uma palavra no texto: de eliminar gradual o carvão como matriz energética, conseguiram colocar a palavra redução. Quem viver verá.

Dividir as contas da crise

Quem mais emite gases de efeito de estufa (CO2, CH4,  N2O e outros) na atmosfera são os países ricos e desenvolvidos. Mas quem mais paga as contas do aquecimento global são os países pobres que vivem as consequências da crise climática sem meios financeiros para enfrentá-las.

Então é preciso que os ricos arquem com suas responsabilidades, e isso era esperado na COP26 só que não. O apoio financeiro aos países pobres ficou a desejar e o desequilíbrio nas responsabilidades continua. Não pode todos os países terem responsabilidades iguais na redução das emissões, sem que os ricos compensem os danos já causados por eles, enquanto os pobres ainda não chegaram ao grau de desenvolvimento que gostariam.

Ademais, em casos de inundações, secas, furacões e outros eventos climáticos extremos, quem pagaria pelas perdas e danos causadas aos países ainda em desenvolvimento? Na COP26 havia uma proposta de que os ricos pagassem, mas Europa e EUA bloquearam a discussão.

Desenvolvimento é sinônimo de maior emissão, a não ser que o desenvolvimento fosse sustentável, o que ainda não se vê por aí.

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Desmatamento zero

Zerar o desmatamento até 2030 e reduzir as emissões de gás metano em 30% até 2030 foram consideradas boas metas. Ambas as propostas têm a ver com consumo de carne. O desmatamento dá lugar à pecuária que por sua vez, no setor agrícola, é a maior fonte de emissão de CH4.

NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada)

Tanto blá, blá, blá e como fica o cumprimento das metas?

Ficou acordado que até o final de 2022 os países deverão apresentar seus novos compromissos voluntários nacionais (as NDCs) para a redução dos gases causadores do aquecimento global.

Sem planos definidos vai ficar difícil, se não impossível, manter o objetivo principal de não deixar que a Terra se aqueça mais de 1,5°C.

Pelo acordo, haverá um monitoramento dos compromissos assumidos e todo ano os países deverão apresentar seus relatórios sobre o andamento das suas contribuições, as NDCs.

O que deu certo e o que falhou na cúpula?

O que os especialistas dizem é que houve vitórias, principalmente no que diz respeito ao monitoramento dos compromissos assumidos. O que antes ficava só na boa vontade, agora tem um efeito mais vinculante em relação à COP21 de Paris, que foi um marco pela meta estabelecida dos 1,5°C, máximo 2°C, de aumento da temperatura global mas sem compromisso vinculado, ou seja, era uma boa intenção e nada mais.

No entanto, a conta do clima ficou a desejar pois os ricos não se comprometeram em ajudar os pobres com o assim chamado “fundo de perdas e danos”.  Ficou estabelecida uma colaboração no sentido de “se precisarem ajudaremos”.

Ruim isso porque enquanto o bolso fica incólume, a responsabilidade dos ricos fica inexistente deixando abertura para que eles continuem sendo os maiores responsáveis pela crise climática, enquanto os pobres seguem pagando as contas da consequência. É preciso vincular financeiramente responsabilidade, causa e efeito. Muitos países não têm tempo, nem dinheiro a perder, arcando com consequências devastadoras como secas, inundações, incêndios, eventos climáticos extremos, que causam perdas ambientais imensuráveis.

Mas agora a COP26 acabou e os holofotes se voltam para o coronavírus e sua doença Covid-19. Era hora de tratar a crise climática com a mesma emergência que a pandemia foi tratada.

Enquanto isso não acontece (provavelmente não acontecerá), vamos seguindo recolhendo máscaras do chão e gerando lixo hospitalar. A vida que segue, doente mas segue.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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