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Um rascunho do resultado das negociações da COP26, publicado durante a madrugada do dia 10, visa que os países fortaleçam e adiantem suas metas de emissões de gases de efeito estufa de 2030 para até o final do próximo ano.
O texto, divulgado pelo presidente da COP26, Alok Sharma, pede que todos os países aumentem seus compromissos de curto prazo em 2022.
Porém, os ativistas argumentam que o relatório ficou muito fraco e raso nas questões críticas de desenvolvimento limpo, adaptação de perdas e danos em relação à crise climática.
A publicação do texto se seguiu diante do desânimo generalizado na terça-feira, 9, após uma projeção do Climate Action Tracker constatar, com base na análise das metas atuais dos países para 2030, que o aquecimento global provavelmente atingirá 2,4ºC acima dos níveis pré-industriais.
Os cientistas alertam que um aumento de temperatura na escala levaria à devastação em todo o globo devido ao agravamento das ondas de calor, inundações, secas, tempestades e aumento do nível do mar.
O rascunho propôs que os países concordem em acelerar a eliminação do carvão e subsídios para combustíveis fósseis –um primeiro reconhecimento potencial do papel central dos combustíveis fósseis na crise climática em um acordo da ONU– e apelou a todos os países desenvolvidos para pelo menos dobrar os compromissos de financiamento climático para ajudar as pessoas mais afetadas em todo o mundo.
Sobre o ritmo dos cortes, o conselho do IPCC — Intergovernmental Panel on Climate Change reconheceu que limitar o aquecimento global a 1,5 °C até 2100 exigiria “ação significativa e eficaz” de todos os países nesta “década amedrontadora” para atingir um corte de 45 % em emissões globais até 2030 a caminho de zero líquido em “cerca de meados do século”.
O projeto “observou com séria preocupação” que, com base nos compromissos atuais, as emissões aumentarão em 13,7 % até 2030.
Os países em desenvolvimento nas negociações têm pressionado fortemente para que os países desenvolvidos sejam forçados a revisar seus compromissos, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), o mais rápido possível.
De acordo com as atuais regulamentações, os países precisam revisar suas NDCs apenas a cada cinco anos. Mas para a High Ambition Coalition, formada por países desenvolvidos e em desenvolvimento, incluindo os EUA, as Ilhas Marshall e muitos outros países em maior risco de colapso climático, esperar cinco anos por uma revisão é um tempo muito longo.
O projeto divulgou uma declaração – ainda não assinada por todos os membros, mas aprovada pelos Estados Unidos e mais de 30 outros países– pedindo que os países atualizem seus NDCs todos os anos, caso não estejam alinhados com a meta 1,5°C.
Claramente, o relatório divulgado pelo presidente da COP26 não alcançou as expectativas. Jennifer Morgan, diretora executiva do Greenpeace International, diz que as promessas do rascunho são um pedido educado por mudanças imediatas:
“É um pedido educado que os países talvez, possivelmente, façam mais no próximo ano. Isso não é bom o suficiente, e os negociadores não deveriam nem pensar em deixar esta cidade até que eles concordem com um acordo que atenda o momento. Porque, com certeza, este não”.
Segundo Eddy Pérez, da Climate Action Network Canada, o texto é um problema. Ele critica o que foi divulgado:
“O texto apresentado atualmente pela presidência é extremamente problemático pois, na verdade, não aborda a necessidade crucial de aumentar o financiamento para adaptação e mitigação.
Não é suficiente apenas reconhecer que há necessidade de financiamento de perdas e danos, é preciso haver maior clareza de que, se quisermos manter 1,5°C ao alcance, os recursos precisam estar lá para que os países em desenvolvimento e as economias emergentes tenham acesso aos trilhões de dólares que são necessários para realmente fechar a lacuna”.
Pelo visto, as ONGs e ambientalistas estão mais que insatisfeitos com o rumo da COP26. Muitos dizem que o relatório divulgado não reconhece a urgência necessária para fechar a lacuna de emissões de 2030.
Comentários como “realidade devastadora sobre o que realmente foi entregue nesta cúpula” e “estamos a quilômetros de onde precisamos estar para reduzir pela metade as emissões globais nesta década” podem resumir a que pé estão as promessas dos “líderes” em Gasglow.
É, a Greta Thunberg tem razão…
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Categorias: Ambiente
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