Vamos combinar que o encontro que aconteceu em Nova Yorque tem tudo para ser um sucesso. Uma porque foi recentemente noticiada a , o que foi atribuído em grande parte ao Protocolo de Montreal de 1987, o que fortalece a ideia de que acordos internacionais em prol de uma causa comum podem surtir ótimos resultados. Outra porque a que antecedeu à Cúpula foi considerada a maior marcha pelo clima na história. Mas, se os líderes de governo pretendem tapar o sol com a peneira, será difícil esperar pelos bons frutos do encontro.
Nossa presidente, por exemplo, em seu discurso falou de um Brasil desconhecido por nós e igualmente desconhecido pelos estrangeiros, pois a mídia internacional noticia o modo pelo qual tratamos nossos índios, nossas terras, nossos bens naturais, até porque em termos ambientais este “nosso”, também é deles. Aliás, este é o espírito ecológico.
Vamos ao discurso que pode ser lido aqui, na íntegra:
“Ao longo dos últimos 10 anos, o desmatamento no Brasil foi reduzido em 79%”. Pena que de 2007 para cá, justamente no governo de seu partido, o desmatamento tenha aumentado. Os dados foram recentemente publicados e foi assumido pelo governo.
Os verdadeiros defensores da Amazônia, os índios, não tendo de modo algum apoio do governo, em diversas ocasiões isso ficou claro, tentam defender suas terras para as gerações futuras, partindo para a luta contra os madeireiros. O mundo inteiro falou sobre as fotos chocantes dos madeireiros capturados pelos índios, mas no discurso da nossa presidente, a palavra índio, ficou de fora.
“Reafirmo que o novo acordo climático precisa ser universal, ambicioso e legalmente vinculante (…) em particular os princípios de equidade e das responsabilidades comuns, porém diferenciadas (…) Historicamente, os países desenvolvidos alcançaram o nível de bem-estar de suas sociedades graças a um modelo de desenvolvimento, baseado em altas taxas de emissões de gases danosos ao clima, ceifando florestas e utilizando práticas nocivas ao meio ambiente. Nós não queremos repetir esse modelo. Mas não renunciaremos ao imperativo de reduzir as desigualdades e elevar o padrão de vida da nossa gente”. Ou seja, para bom entendedor ponto é vírgula, ainda mais tendo em mente que o bem-estar que o governo da presidente Dilma enxerga é sim colocar em primeiro lugar o desenvolvimento não sustentável e ultrapassado que ela, contraditoriamente denuncia. Haja vista Belo Monte, exploração de petróleo em terras indígenas e por aí vai.
Sobre a agricultura, faltou falar dos transgênicos, dos agrotóxicos, mas vamos deixar para lá, até porque este teria sido o assunto mais estranho para os ouvintes que com certeza sabem que o nosso país é o do mundo. No discurso da presidente ela ressaltou os benefícios da agricultura familiar, o que é realmente uma bela iniciativa. Mas ficou por isso mesmo, quando a agricultura foi um dos temas-chave na Cúpula, juntamente com cidades, energia, transporte, finanças, florestas, indústria e redução do risco de .
Claro que o discurso poderia ter sido melhor. Aqui e ali, existem no Brasil pesquisas e incitavas várias em prol do meio ambiente. Mas estas não viriam propriamente do governo desenvolvimentista.
Bom, e se fosse a famosa internacionalmente ambientalista Marina Silva a discursar? Convidada e não comparecida, a Ex-Ministra do Meio Ambiente no governo Lula não teria mesmo muito a acrescentar. Em seu ministério, as taxas de desmatamento . Mas como tudo no Brasil, a culpa nunca é do governo, Marina teria sido esmagada pelo desenvolvimentismo petista.
“Estamos provando que um modelo socialmente justo e ambientalmente sustentável é possível”. Em qual país?
Categorias: Ambiente, Informar-se
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