Os pobres sofrerão mais. Os pobres que menos fizeram pela crise climática são os que mais pagarão por ela. Na COP26 onde a balança da justiça deveria pesar as consequências climáticas, uma “manobra” de última hora decepcionou ambientalistas e “justiceiros do clima” que esperavam mais do acordo.
A COP26, se encerrou no sábado, 13, em Glasgow, com um acordo assinado pelas partes que deixou a desejar.
Por causa da Índia e da China, um acordo que deveria ser de eliminação gradual do uso de carvão e subsídios a combustíveis fósseis, acabou ficando para a diminuição dessas fontes altamente poluentes de energia.
São diferenças de palavras que parecem pequenas, mas que causam grandes consequências.
Por causa desse compromisso em diminuir em vez de eliminar, muitos ambientalistas e analistas consideraram a COP26 um fracasso, decepcionante, mais do mesmo e blá, blá, blá pois, desse jeito é difícil que se consiga chegar ao objetivo principal de manter a meta de aumento máximo da temperatura global a 1,5°C, sem que as emissões de gases do efeito estufa sejam radicalmente cortadas pela mitigação dos efeitos da mudança climática.
O presidente da COP26, Alok Sharma, disse que Índia e China teriam de prestar contas aos países menos desenvolvidos e mais sujeitos ao aquecimento global, como os territórios insulares que estão desaparecendo por causa do aumento do nível dos mares.
“Vou conclamar todos (os países) a fazerem mais. Mas, com relação a o que aconteceu ontem (sábado), China e Índia terão de se explicar o que fizeram aos países mais vulneráveis ao clima”, disse Sharma à BBC.
Enquanto alguns consideram que a COP26 represente o fim da era do carvão e que, de qualquer forma a cúpula foi um sucesso nesse sentido, outros, como primeiro-ministro Boris Jhonson, anfitrião do evento, critica a falta de senso de tempestividade no acordo:
“Aqueles para quem as mudanças climáticas já são uma questão de vida ou morte, que só podem assistir enquanto suas ilhas se submergem, suas terras agrícolas se convertem em deserto, que têm suas casas destruídas por tempestades, essas pessoas exigiam um alto nível de ambição da conferência. Enquanto muitos de nós estávamos dispostos a isso, o mesmo não valeu para todos”, disse o premier sem mencionar a ‘manobra’ da Índia e da China. “Infelizmente essa é natureza da diplomacia. Podemos fazer lobby, persuadir, encorajar, mas não podemos forçar nações soberanas a fazerem o que não querem. No fim das contas é decisão delas, e devem bancá-las.”
Índia e China são dois países dependentes do carvão como fonte de energia. A China, sozinha, queima mais carvão do que todo o resto do mundo junto. O carvão é um dos combustíveis fósseis que mais emitem dióxido de carbono (CO2), o mais relevante dos gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. A maior emissão de CO2 na atmosfera (87%) vem da na queima de combustíveis fósseis como carvão mineral, gás natural e petróleo.
O carvão é a maior fonte de energia do mundo, respondendo por 38% da matriz energética global e não emite apenas CO2, sua a queima também produz resíduos altamente tóxicos como mercúrio, vanádio, cádmio, arsênio e chumbo.
E você, o que achou da COP26? Deixou esperança de um mundo melhor?
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Categorias: Ambiente
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