Ministro do Meio Ambiente defende soluções capitalistas para problemas da Amazônia


Nessa quinta-feira (15), o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, levantou a bandeira do desenvolvimento econômico como solução para os problemas ambientais e conflitos sociais que a Amazônia enfrenta.

Em entrevista à BBC News Brasil, ele também minimizou a importância da I Marcha das Mulheres Indígenas, que reuniu, na última terça-feira (13), representantes de 115 etnias em Brasília.

Devido à crise climática, a pasta sob a responsabilidade de Salles ocupa, hoje, o centro das atenções internacionais. Diversas decisões do governo Bolsonaro vêm sendo questionadas mundo afora: pela comunidade científica, por ambientalistas e por ativistas em prol dos direitos dos povos tradicionais. Até mesmo representantes do agronegócio já demonstram preocupação com a perda de mercados, considerando que o compromisso com a preservação ambiental é uma exigência de parceiros comerciais de peso, a exemplo da União Europeia. 

Na entrevista, o ministro rebateu a diversas críticas ao governo, negando, por exemplo, que, sob sua gestão, houve interrupção da comunicação entre o Ibama e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – órgão que esteve no centro de embates com o governo recentemente, que culminaram com a demissão do presidente Ricardo Galvão. O episódio trouxe repercussão internacional negativa.

Quanto à redução das ações de fiscalização e a tirada de circulação de agentes do Ibama, amplamente noticiada, Salles respondeu que não havia funcionários parados e criticou a forma como se vinha trabalhando até hoje, afirmando que as fiscalizações eram mais numerosas, porém ineficientes, resultando em apenas 1% de processos legais concluídos.

Sobre as pressões da comunidade internacional em relação ao desmatamento, Salles afirmou:

“Estamos reflorestando, estamos trocando matriz energética, diminuindo emissões. Realmente o tema do desmatamento é um desafio. Temos uma região da Amazônia que corresponde a 48 países europeus. É uma região difícil de fiscalizar e que precisa, para ter resultado, encontrar o seu dinamismo econômico. Se não fizermos isso, as pressões sobre a floresta vão aumentar. Mais de 20 milhões de pessoas vivem na Amazônia”.

Diversas vezes, o Ministro defendeu políticas que promovam o desenvolvimento econômico da região e incluam a população em um sistema produtivo capitalista, afirmando que essa era a vontade de quatro líderes indígenas com quem conversou.

Indagado em relação a esse número pouco expressivo, que não representa a opinião dos grupos indígenas que se manifestaram em Brasília esta semana, ele respondeu que “mil pessoas” não representavam o desejo da maioria da população. Taxou, ainda, de “manipuladas” as lideranças presentes na capital do país.

Leia AQUI a entrevista na íntegra.

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Gisele Maia

Jornalista e mestre em Ciência da Religião. Tem 18 anos de experiência em produção de conteúdo multimídia. Coordenou diversos projetos de Educação, Meio Ambiente e Divulgação Científica.


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