Saiba quem é Ricardo Salles, o futuro ministro do Meio Ambiente


Os ambientalistas e todos aqueles preocupados com o meio ambiente estavam ansiosos para saber o nome que irá comandar o ministério do Meio Ambiente no governo de Jair Bolsonaro.

O anúncio sobre o novo ministro foi feito esta semana e foi recebido com preocupação, sobretudo, porque o futuro presidente havia anunciado a possibilidade de fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. Após receber críticas negativas dos setores de exportação e de ambientalistas, Bolsonaro voltou atrás e optou por reformular o Ministério do Meio Ambiente. Reformulação que não foi bem acolhida por quem realmente milita pela causa ambiental.

Ricardo Salles – Quem é ele?

Ricardo de Aquino Salles, 43, é um administrador e advogado. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito Universidade Presbiteriana Mackenzie, fez pós-graduação na Universidade de Coimbra e na Universidade de Lisboa, e especialização em Administração de Empresas na Fundação Getulio Vargas.

Atuou como secretário particular do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, em 2013 e 2014, e Secretário do Meio Ambiente de São Paulo de 2016 a 2017.

É filiado ao Partido Novo e, em 2006, fundou o Movimento Endireita Brasil (MEB), entidade que tem parceria com o Instituto Millenium.

O currículo de Salles diverge de alguém com competência para ocupar a pasta. Ele é alvo de uma ação de improbidade administrativa, em uma acusação do Ministério Público de São Paulo, de manipulação de mapas de manejo ambiental de uma área de proteção ambiental do rio Tietê.

A sua polêmica declaração sobre o aquecimento global

No dia 10/12, o futuro ministro do Meio Ambiente disse, em entrevista à Rádio CBN, que ainda não tem dados que lhe permitam fazer uma avaliação do desmatamento no Brasil. Segundo publicação da revista Globo Rural, o futuro ministro ainda defendeu o Projeto de Lei dos Agrotóxicos, sendo a favor da agilização da aprovação do uso dos defensivos agrícolas.

Tais afirmações são bastante preocupantes para alguém que pretende assumir um ministério tão crucial para o país e cujas ações repercutem em todo o mundo.

Sobre o desmatamento, Ricardo afirmou que os dados existentes sobre o desmatamento não são qualificados e não permitem saber se eles são feitos de forma legal ou ilegal:

“Como emitir a opinião sobre alguma coisa sem ter informação detalhada?”, questiona ele na entrevista.

Sobre o aquecimento global, Salles opina seguindo a mesma linha, que parece não se importar muito com as questões ambientais. Ele disse que:

“Em vez de ter grandes discussões filosóficas sobre o aquecimento global, temos uma lição de casa muito tangível no Brasil nos lixões, na poluição do ar e em cuidar do esgoto”. O futuro ministro parece ter encontrado uma maneira de sair pela tangente, ao não aprofundar a discussão sobre o tema.

Salles ainda teria dito que o aquecimento global é um tema “secundário” para a pasta que irá assumir, pois pretende ajudar o Brasil a se desenvolver “sem ideologia e com muita razoabilidade”. Do seu ponto de vista, “essa discussão, neste momento, é inócua”.

A contrarresposta da ciência: aquecimento global é tema urgente!

Centenas de cientistas renomados no mundo fizeram uma publicação alertando sobre as ameaças climáticas, sobretudo, em um momento em que lideranças políticas e grupos empresariais alegam o contrário.

Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado em outubro deste ano, afirma que a sociedade mundial terá de adotar medidas “inéditas” para conter o aquecimento global.

Essas medidas visam a manter a elevação da temperatura da Terra em 1,5 grau Celsius, ao invés dos 2º C negociados no Acordo de Paris, em 2015, o que traria “benefícios claros para as pessoas e os ecossistemas naturais”, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática das Nações Unidas (IPCC).

A ex-ministra da pasta, Marina Silva, manifestou estar preocupada com a indicação de Ricardo Salles para o Ministério do Meio Ambiente:

“é uma grande ameaça à agenda da justiça social e da proteção ambiental”, informa o Blog do Esmael.

Marina opina que Salles está vinculado ao setor do agronegócio e não com a agenda ambiental:

“Cada palavra que ele profere demonstra mais preocupação com o Ministério da Agricultura do que com o próprio ministério que ele vai liderar”, disse a ex-candidata à presidência da República.

Como sentencia Marina,

“a proteção ao meio ambiente não é uma questão de esquerda, de direita, nem de cima, nem de baixo. É um desafio para a humanidade“.

Talvez te interesse ler também:

QUANDO HOUVE MENOS DESMATAMENTO NO BRASIL?

DISCURSO DA PRESIDENTE DILMA ROUSSSEFF NA CÚPULA DO CLIMA: EM QUE PAÍS ELA VIVE?

Fonte foto




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Compartilhe suas ideias! Deixe um comentário...