A extração ilegal da madeira de agosto de 2019 a março deste ano é praticamente o dobro se comparado ao mesmo intervalo anterior. Esses dados foram fornecidos pelo INPE, Instituto de Pesquisas Espaciais, órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, através do projeto PRODES, que realiza o monitoramento por satélite do desmatamento por corte raso na Amazônia Legal.
No estado do Pará a situação é mais crítica e concentrou 44 % de todo o desmatamento verificado. Rondônia aparece em segundo lugar.
Os dados foram apresentados pelo DETER-B (Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real), sistema criado dentro do PRODES, que veio para identificar e mapear, em tempo quase real, desmatamentos e demais alterações na cobertura florestal com área mínima próxima a 1 hectare, ou 10 mil metros quadrados.
É bom lembrar que no mesmo período do ano passado, os números já eram alarmantes, gerando uma comoção nacional e internacional, ocasião em que várias autoridades de outros países como França, Alemanha e Reino Unido cobraram políticas públicas de combate ao desmatamento, sob pena de aplicarem restrições comerciais ao Brasil.
Hoje os números são mais alarmantes do que no ano passado, ultrapassando em tamanho de área desmatada três vezes a cidade de São Paulo, ou seja, em menos de 8 meses foram 5.076 quilômetros quadrados.
Só para se ter uma ideia, no mesmo período de agosto de 2018 a março de 2019, foram 2.649 km² de área devastada e entre agosto de 2017 e março de 2018, os números foram ainda menores, 2.433 km².
O DETER-B inicia a medição oficial em agosto de cada ano, porque as análises são semestrais e os dados ora informados foram analisados entre agosto de 2019 e março deste ano, data mais atualizada fornecida pelo sistema.
Consultado, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que as informações apresentadas pelo sistema são inconsistentes, devido à incidência de nuvens no período chuvoso. Mas segundo o INPE, quando os dados anuais são apresentados, de forma mais abrangente pelo sistema PRODES, eles sempre se mostram ainda maiores do que os coletados pelo Deter, cerca de 33% mais elevados.
Se utilizado o sistema PRODES, verifica-se que o desmatamento total no período de 2019 a 2010 já atingiu 10,1 mil km², maior volume nos últimos 11 anos.
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), disse ao jornal Estadão, que pediu apoio imediato ao governo federal. Segundo o governador
“É um volume assustador de desmatamento. Se não houver uma medida drástica e imediata de fiscalização, não haverá mais tempo. Vamos ter um ano de 2020 pior que o ano passado. E complementa, “É preciso lembrar que estamos no período chuvoso e que, portanto, é retirada de madeira, não é queimada. Na hora em que o período chuvoso acabar, poder ter um crescimento absurdo.”
Ainda segundo o Governador do Pará, o Ibama disponibiliza apenas 48 servidores para fiscalizar todo o território do Pará e afirma,
“Isso, em um estado do tamanho do nosso, equivalente a uma área de Portugal, Espanha e França juntos. É uma presença absolutamente rarefeita, se continuar desse jeito, quando acabar o coronavírus, o nível de derrubada da floresta será estratosférico.”
Sobre essa situação, o Ibama informou que para a Amazônia Legal, que integra os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, a partir da próxima segunda-feira, 13, começa a operar no Pará a Força Estadual de combate ao desmatamento, formada por um grupo de 100 agentes ambientais que atuarão diretamente dentro da floresta, pagos através de recursos repatriados pela Operação Lava Jato, por meio da Petrobrás.
Pelo Twitter, o General Hamilton Mourão, que preside o Conselho da Amazônia, publicou na última quarta-feira, 8, que se reuniu com os ministros da Defesa e do Meio Ambiente, com os Secretários Executivos do Ministério da Justiça e Gabinete de Segurança Institucional, GSI e o diretor do Fundo Nacional de Segurança Pública, FNSP, para tratar das medidas urgente contra o desmatamento na região.
Atento ao compromisso do #ConselhoDaAmazônia de presevar o #BiomaAmazônico, reuni-me com os Ministros da @DefesaGovBr e do @mmeioambiente , os Secretários Executivos do @JusticaGovBR e GSI e o Diretor da FNSP para tratar das medidas urgentes contra o desmatamento na região. pic.twitter.com/Ajm6ivxRz1
— General Hamilton Mourão (@GeneralMourao) April 7, 2020
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Categorias: Ambiente, Informar-se
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