Jair Bolsonaro, meio ambiente, agricultura e o Acordo de Paris


O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, eleito ontem pela maioria dos brasileiros, parece ter voltado atrás em sua declaração sobre fundir os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura.

De fato, pegou muito mal a repercussão dessa possível fusão para os ambientalistas e, até mesmo, entre os produtores do gênero alimentício, já que isso implicaria em um problema de certificação da qualidade dos alimentos produzidos no Brasil para o resto do mundo.

Semana passada, o candidato eleito se reuniu com cerca de 40 empresários do ramo do agronegócio, os quais representam os interesses da agricultura e da pecuária de quase todos os estados brasileiros, conforme o presidente da União Democrática Ruralista, Luís Antônio Nabhan Garcia, explicou ao .

Segundo Nabhan, os empresários mostram-se preocupados com uma ameaça ao direito de propriedade e à saída do Brasil do Acordo de Paris, do qual o país é signatário para o cumprimento das metas que estabelecem a redução dos gases de efeito estufa. Em setembro, o então candidato do PSL – em uma declaração a la Trump tupiniquim – havia dito que considerava retirar o Brasil do Acordo, sob o argumento de que as premissas do pacto afetariam a soberania nacional.

O setor empresarial disse, ainda, no encontro, que está aberto a rever a medida de fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, sugestão que parece ter sido acolhida por Bolsonaro.

“Está havendo um ruído nessa área. Eu sou uma pessoa que está pronta para o diálogo. Pode ser que a gente não encampe essa proposta, realmente. Eu quero o que seja melhor para o campo e para o meio ambiente”, declarou o candidato eleito.

Acordo de Paris

Embora o futuro presidente tenha inclinado para a manutenção do Brasil como signatário do Acordo de Paris, é preciso estar atento e cobrar de seu governo a manutenção das metas, sobretudo, porque Bolsonaro deu uma declaração que demonstra não estar muito comprometido com o Acordo.

De acordo com a agência Reuters, o candidato eleito disse que:

“Poderia estar buscando essas metas não estando em acordo nenhum… o Brasil não sai; fica no Acordo de Paris”.

Com essa declaração escorregadia, Bolsonaro não dá garantias de que o Brasil vai levar a cabo o acordo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 37% até 2025 e, possivelmente, em 43% até 2030.

Como em muitos outros temas, esse será mais um que vai exigir daqueles que militam em prol do meio ambiente pressionar o próximo governo a cumprir os acordos que preservam não apenas a nossa biodiversidade, mas que contribuam, também, para todo o planeta.

Lembrando o que foi o Acordo de Paris…

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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