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O pesadelo do óleo parece longe de terminar. Confirmando os prognósticos mais sombrios, a Marinha informou neste sábado (2) que a mancha alcançou o arquipélago de Abrolhos.
Localizado no litoral sul do Bahia, trata-se da área com maior biodiversidade de vida marinha do Atlântico Sul. Como definiu a professora Zelinda Leão, do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, estamos diante de um “desastre incalculável“.
“É um desastre para esse ecossistema, para todo o ecossistema recifal do Brasil desde o Maranhão até a Bahia e Abrolhos, que é o último refúgio de corais verdadeiro, de recifes verdadeiros em Abrolhos, declarou a professora.
Embora sobrem críticas ao Governo Federal pela lentidão em dar respostas desde o início da crise, o almirante Silva Lima, comandante do 2º Distrito Naval, alegou que não houve falha e atribuiu a dificuldade de contenção da mancha ao tamanho do problema.
“Nós estamos combatendo algo inédito, que não existe precedentes na literatura, e não é só a Marinha que fala isso. É a Marinha, o Ibama, a Petrobras, a consultoria internacional que nós temos. Então, não considero que houve uma falha ou que deu errado. Simplesmente nós estamos atuando de acordo, nas nossas possibilidades, e com esse fato, repito, inédito e de difícil identificação”, disse ao G1.
Como vem acontecendo em todos os lugares por onde a mancha se espalha, os moradores do local arregaçaram as mangas e tentam contribuir para impedir uma tragédia maior.
“É desesperador, porque a gente precisa, a gente necessita disso aqui. É ganhar pão de muitas pessoas, é o lugar que a gente nasceu, que a gente mora e é desesperador”, afirmou a voluntária Ana Clara Torres.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), acionado pelo comitê de crise do governo federal, sinalizou para a possibilidade de que o óleo chegue ao litoral do Espírito Santo em breve e, de lá, atinja as praias do Rio de Janeiro.
Em relatório entregue à Marinha na última sexta-feira (1), baseado em imagens de satélite e no monitoramento das correntes marítimas, o Inpe aventou a hipótese de que haja óleo em oceano aberto, lançando o alerta não só em relação à sua chegada ao Sudeste, mas também à costa de outros países.
A Polícia Federal estima que 2,5 mil toneladas do produto tenham sido derramadas e apontou como o principal suspeito o navio Bouboulina, de bandeira grega, da empresa Delta Tankers LTD.
A partir da investigação, o governo alegou ter acionado a empresa. Esta, no entanto, negou que qualquer contato tenha sido feito por parte das autoridades brasileiras. Em nota oficial, a Delta Tankers LTD afirmou não haver qualquer indício de vazamento das operações da embarcação, mas colocou-se à disposição para cooperar na apuração, como informou o Jornal O Globo.
Óleo chegando em Abrolhos, especialistas alertando para a possibilidade da tragédia se alastrar pelo Sudeste, diferentes versões quanto à intimação da empresa supostamente responsável pelo derramamento, tudo isso só nesse fim de semana. E por onde andava o ministro do Meio Ambiente? Relaxando na praia.
Ricardo Salles foi flagrado debaixo de um guarda-sol, com trajes de banho, mexendo distraidamente em seu celular, não em uma das praias do nordeste, junto às equipes de emergência, mas na Praia da Baleia, em São Sebastião, no litoral paulista. Talvez tivesse o intuito de aproveitar o que ainda resta de costa livre de óleo no Brasil, antes que seja tarde.
Pelo visto, o desespero dos moradores das localidades afetadas não atingiu o ministro. Qual será o segredo de Salles para manter a tranquilidade e a consciência limpa enquanto tudo o mais segue emporcalhado?
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Categorias: Ambiente, Informar-se
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