São vários os Gases do Efeito Estufa (GEE), emitidos na atmosfera, embora o dióxido de carbono (CO2) costume ocupar posição de destaque nos debates mundiais sobre as Mudanças Climáticas. No entanto, é o aumento do metano (CH4) na atmosfera que vem intrigando cientistas do mundo inteiro – e não é de hoje.
Mais precisamente, a presença cada vez maior do gás vem sendo observada desde 2007, segundo informou a DW Brasil recentemente.
Euen Nisbet, pesquisador do departamento de Geociência da Universidade de Londres, declarou à DW que o aumento o surpreendeu, bem como a seus parceiros. Segundo ele, tais níveis de metano na atmosfera só haviam sido observados nos anos 1980, quando a antiga União Soviética ampliava largamente sua produção de gás, mas ainda não dispunha de tecnologias para conter a liberação do CH4 no ambiente.
O CO2 costuma estrelar como principal vilão a ser combatido, não só para o senso comum, mas segundo o próprio Acordo de Paris, que define uma meta de estabilização do aumento da temperatura global em 2oC, considerando níveis pré-industriais. Em uma perspectiva mais otimista, esse limite poderia cair para 1,5oC.
Não há consenso entre os cientistas quanto às causas da maior presença do metano na atmosfera observada nos últimos anos. Como ele é o gás resultante da ação de microrganismos que decompõem matéria orgânica, e está naturalmente presente tanto em áreas alagadas e pantanosas quanto no organismo dos ruminantes, as suspeitas recaem sobre processos e regiões diversas do planeta, indo das plantações de arroz no Sudeste Asiático à expansão da pecuária mundo afora.
A criação de gado é o principal alvo de ativistas ambientais que defendem o veganismo, muitos inspirados pelo documentário Cowspiracy (uma expressão que poderia ser traduzida como ‘Vaconspiração’, ou ‘Conspiração das Vacas’), cuja denúncia principal se refere ao silêncio de governos, cientistas e organizações da sociedade civil quanto ao impacto do metano na mudança climática, o que se explicaria pelos poderosos lobbies da indústria da carne bovina.
Sejam lá quais forem as reais causas, em um ponto todos concordam: embora encontrado na atmosfera em quantidades muito inferiores às de CO2, os cientistas calculam que o CH4 absorve 25 vezes mais calor e portanto tem um efeito estufa considerável, mesmo em menores quantidades. Por isso, por não integrar o cerne das propostas dos países signatários do Acordo de Paris, o metano talvez represente um balde de água fria nas pretensões de limitar o aumento da temperatura global em 2oC apenas considerando a redução das emissões de CO2.
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Categorias: Ambiente, Informar-se
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