Depois de Sergipe, Bahia decreta estado de emergência. 2019 se consolida como o ano das tragédias ambientais no Brasil


O ano ainda não acabou, estamos em outubro mas não precisamos esperar dezembro para dizer que 2019 se consolida como o ano das tragédias ambientais no Brasil. Os danos causados pelas misteriosas manchas de óleo no litoral nordestino são ainda de dimensões imensuráveis. Acredita-se que o número de animais mortos seja muito maior do que se imagina e, depois de Sergipe, agora é a Bahia quem decreta estado de emergência.

No início desta semana, o governador em exercício do estado da Bahia, João Leão, declarou estado de emergência na região, visando conter a mancha de óleo que vem se espalhando rapidamente pelo litoral nordestino. O documento permite que verbas contingenciais sejam usadas nas operações de contenção do óleo, além de permitir ajuda da sociedade civil e apoio do Governo Federal.

2019 tem sido marcado desde o seu início por catástrofes ambientais. O ano começou com o rompimento da barragem em Brumadinho, já em janeiro. Depois teve as tempestades que causaram destruição, contaminação e mortes, seguidas das queimadas na Amazônia e agora o vazamento do óleo.

Vamos relembrar:

Janeiro – rompimento da barragem de Brumadinho

O ano já começou mal para o meio ambiente no Brasil com a tragédia de Brumadinho, onde uma barragem se rompeu no dia 25/01. Em termos de vidas sacrificadas, esse rompimento foi ainda maior que o de Mariana porque em Brumadinho o balanço da tragédia foi de 248 mortos e 22 desaparecidos, e em Mariana 18 mortos e 1 desaparecido. Os números dão apenas uma pequena dimensão dessa tragédia imensurável em termos ambientais.

Fevereiro, março e abril – chuvas e mortes

No dia 6 de fevereiro, na cidade Rio de Janeiro, ocorreu a forte tempestade que provocou  a morte de seis pessoas, além de causar apagões, deslizamentos de terra, derrubar árvores, alagar e obstruir vias públicas.

Em 10 e 11 de março, no estado de São Paulo, uma forte chuva provocou alagamentos e desabamentos em diversas áreas,  bloqueando vias públicas,  causando dezenas de mortes.  

Em 8 e 9 de abril, uma outra a tempestade que caiu na cidade do Rio de Janeiro deixou dez mortos e foi a maior tempestade dos últimos 22 anos, causando bloqueio de ruas e vias públicas, destruição, deslizamentos e desabamentos.

Agosto – queimadas na Amazônia

Em 2 de agosto, o governador do Amazonas, Carlos Almeida, decretou estado de emergência durante 180 dias para algumas áreas do estado, principalmente a região metropolitana de Manaus e o Sul do Amazonas.

Essa ação foi feita para conter os intensos desmatamentos e queimadas, que costumam se agravar nesse período do ano, conhecido como Verão Amazônico. Além do Amazonas. outros estados da região Norte foram afetados pelas queimadas, no mês de agosto, como o Acre e Tocantins.

As queimadas se intensificaram – não obstante a emergência decretada – e acabaram por receber grande repercussão internacional.

Setembro – derramamento de óleo

Em setembro, apareceram manchas escuras oleosas, em pelo menos 39 praias do Nordeste, provenientes de hidrocarbonetos, derivados de petróleo. Ninguém ali imaginava a dimensão do derramamento e, de novo, o governo demorou a agir.

Outubro – a mancha de óleo se espalha rapidamente 

Em 5 de outubro, o presidente Jair Bolsonaro determinou intensidade nas investigações sobre as manchas de óleo no litoral do Nordeste que atingiram 128 localidades de 61 municípios, sendo que a Praia do Futuro em Fortaleza e o litoral de Sergipe, com mais de 40 quilômetros de praia ficaram poluídas. Àquela altura, a Defesa Civil Estadual decretou situação de emergência.

A secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia, retirou neste mês 35 toneladas de óleo do litoral baiano, através de uma força-tarefa composta por bombeiros, Defesa Civil e funcionários municipais.  

A substância escura e pegajosa proveniente de oleoduto, além de atingir o litoral baiano, se espalhou pela área litorânea de 8 estados do Nordeste: Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

As informações sobre as manchas ainda são vagas, um mistério a ser desvendado, mas o óleo derramado já causou perdas econômicas e continuam a espalhar morte e desastre ambiental.

Até quando?

Uma tragédia encobre a outra enquanto os culpados que deveriam pagar pelos reparos humano e ambiental, inexistem dentro de investigações ou processos que seguem a passos de formiga.

Fato é que a humanidade vem subjugando e devastando a natureza, agredindo o meio ambiente e, cada vez mais as consequências disso vem mostrando a sua cara em forma de incêndios florestais, fortes tempestades, vazamento de petróleo, detritos de minério, entre outras catástrofes provocadas pelo ser humano.

Será que precisa ocorrer mais tragédias para perceber que o homem está se matando a si próprio?

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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