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No calor, vai dizer que não bate uma vontade de tomar uma cervejinha bem gelada? Ou, até mesmo no inverno, com as receitas de cervejas artesanais, tomar um chopp especial é uma delícia! Mas esse prazer pode estar com os dias contados!
Isso porque o aquecimento global pode acabar com a alegria proporcionada pela cerveja, segundo uma pesquisa realizada por um grupo de cientistas da Universidade da Califórnia, da Universidade Chinesa de Pequim, da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas, do Centro Internacional Mexicano para Melhorias do Milho e do Trigo e da Universidade de East Anglia (Inglaterra).
O estudo, que foi publicado na revista científica Nature Plants, diz que as ondas de calor podem levar à redução do rendimento das colheitas de cevada, principal ingrediente da bebida etílica mais popular do mundo.
A queda da produção da cevada pode chegar a 17%, o que vai fazer, consequentemente, o preço da cerveja subir. A publicação científica afirma que: “Embora esse não seja o impacto futuro mais preocupante da mudança climática, extremos climáticos relacionados a isso podem ameaçar a oferta e a acessibilidade econômica da cerveja”.
Isso significa que essa bebida tão popular pode se tornar uma iguaria. O objetivo principal dos pesquisadores é “alertar as pessoas, especialmente nos países desenvolvidos, que a segurança alimentar é importante – e que a mudança climática vai afetar seu dia a dia e sua qualidade de vida”, segundo disse o economista Dabo Guan, professor de Economia das Mudanças Climáticas da Universidade de East Anglia, à BBC.
Os locais onde mais se cultiva a cevada – as pradarias canadenses, algumas regiões da Europa e da Austrália e a estepe asiática – serão fortemente afetados por secas e ondas de calor mais frequentes.
Apenas 17% da cevada colhida no mundo vai para a fabricação de cerveja; o restante é destinado à alimentação de gado, logo os produtores terão que escolher entre matar a fome de animais ou a sede de humanos. De acordo com os cálculos dos cientistas, os produtores devem mesmo é priorizar o gado bovino e a sua cadeia produtiva.
Entretanto, países onde a cerveja é uma tradição, como Bélgica, Dinamarca, Canadá e Alemanha, devem aumentar o preço do produto. O estudo calcula que o preço final de um pacote com seis cervejas deve dobrar de valor, bem como o fornecimento da bebida em todo o mundo deve cair em cerca de 16% – o equivalente a todo o consumo de cerveja nos Estados Unidos.
A cerveja é a bebida alcoólica mais consumida no mundo e a terceira mais bebida – ficando atrás da água e do café. São fabricados 182 bilhões de litros de cerveja por ano.
Para que o aquecimento global não interfira nos nossos copos cheios a única solução é a conscientização. Os estudiosos são categóricos:
“Se conseguirmos diminuir nossas emissões de gases de efeito estufa e limitar a magnitude geral das mudanças climáticas, ajudaremos a evitar os piores cenários que simulamos nesta análise. Note que, enquanto os aumentos de preço em uma garrafa de cerveja são modestos em uma perspectiva de baixas emissões de carbono, eles realmente aumentam substancialmente em um mundo de alta emissão”.
É verdade que aqui no Brasil muita gente leva gato por lebre. Muitos consumidores não sabem que a cerveja produzida no país contém 45% de milho no lugar da cevada, conforme informa o Extra.
A receita básica da cerveja é feita com água, malte (produzido da cevada) e lúpulo, mas algumas marcas adulteram-na e informam em seus rótulos que a fórmula é feita com “cereais não maltados”.
Desde 2008, o Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (USP) vem analisando amostras de cerveja. A legislação brasileira prevê como limite máximo desses cereais 50%. Como o milho é bem mais barato do que a cevada, a indústria cervejeira chega a atingir quase esse limite.
Felizmente, a produção das cervejas artesanais tem aumentado em todo o país, o que diminui o seu valor final. Muitas pessoas têm deixando de beber as convencionais cervejas de milho e passado a apreciar uma boa e verdadeira cerveja puro malte.
A Ambev, que é dona das marcas Antarctica, Brahma, Bohemia, Caracu, Stella Artois e Skol, não comentou o estudo, enquanto a Heineken Brasil, de rótulos como Kaiser, Bavaria, Xingu, Sol e Bavaria, explicou que a utilização de cereais não maltados varia por produto e que eles “contribuem de maneira muito positiva nas características de leveza e na refrescância das cervejas“. A empresa assegura que a fórmula da Heineken produzida no Brasil, que é feita com puro malte, é a mesma da estrangeira.
O problema do uso de milho na cerveja não só tem a ver com a adulteração de sabor e propaganda enganosa por parte de certos produtores, como também esconde outro problema: 89% do milho produzido no Brasil é transgênico.
Não se sabe definitivamente quais são os riscos dos transgênicos para a saúde, mas pesquisas, como a realizada na Universidade de Caen, com ratos que foram alimentados com o milho transgênico NK603 desenvolveram tumores cancerígenos e morreram antes daqueles que receberam uma dieta padrão.
Como habitantes do planeta Terra temos que fazer a nossa parte para conter o aquecimento global e, como consumidores, estarmos atentos ao comportamento das indústrias.
E, por ora, bebamos cerveja, enquanto ainda podemos!
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Categorias: Ambiente, Informar-se
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