O óleo que vem se espalhando pelo litoral do nordeste brasileiro está deixando um rastro de destruição da vida marinha. Os especialistas preveem impactos para o turismo, para a economia e para a segurança alimentar, uma vez que o material já atingiu manguezais, áreas de reprodução para diversas espécies, como peixes, lagostas e tartarugas.
“Esses ambientes já estão fragilizados por conta de uma série de impactos, como poluição, aquecimento global, introdução de espécies exóticas, turismo desordenado e a sobrepesca, gente pescando além da capacidade dos ambientes para eles se recomporem”, declarou o biólogo Cláudio Sampaio. Segundo ele, pode levar décadas até que o meio ambiente se recupere do desastre.
Até o momento, 133 praias em 61 municípios dos nove estados do nordeste foram atingidos, informou o último boletim do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e parques nacionais entram nessa contabilidade devastadora, inclusive Jijoca de Jericoacoara (CE) e os Lençóis Maranhenses (MA).
“Tenho 52 anos, moro aqui há décadas, mas nunca tinha visto nada assim. Algumas vezes vi bolhas de petróleo que vêm das perfurações. Mas nada desta natureza”, declarou o pescador Amador Marcos, do Sergipe, estado atualmente mais afetado pelo óleo, onde as autoridades já adotam medidas para proteger os rios e evitar, assim, que o abastecimento de água da população seja comprometido.
O Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles declarou ontem (9) que o óleo “muito provavelmente” vem da Venezuela, conforme divulgado pela EBC.
Há dias, a Petrobras já havia se pronunciado, após análises de amostras do material, e informou que o petróleo encontrado nas praias não era brasileiro.
Cientistas políticos e ambientalistas vêm demonstrando surpresa em relação à demora do governo em dar respostas:
“É muito cedo ainda para dizer quem é o responsável”, opinou o cientista político Oliver Stuenkel, da FGV. “Nem mesmo o governo brasileiro sabe exatamente como isso aconteceu. Mas é incrível quanto tempo leva [para se descobrir os responsáveis], já que o problema é claramente visível há algumas semanas.”
O porta-voz do Green Peace para assuntos de clima e energia, Thiago Almeida, também expressou surpresa em relação ao tempo que as autoridades brasileiras levaram para reagir:
“Isso é uma pergunta que o governo tem que responder, pois ele levou mais de um mês para tomar providências. Como vai ser num caso de derramamento de petróleo?”, pergunta Almeida. “Isso mostra como é falha a fiscalização e o trabalho de combate à poluição e ao derramamento de petróleo no Brasil. E isso só tende a piorar com essa agenda antiambiental do governo brasileiro”, criticou.
Em meio a uma crise de tal proporções, a avaliação do biólogo Cláudio Sampaio torna tudo ainda mais preocupante:
“O ambiente se refaz, mas, uma vez contaminado, pode demorar décadas para se recuperar”.
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Categorias: Ambiente, Informar-se
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