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O Brasil e o mundo inteiro estão chocados com as queimadas na Amazônia, que estão provocando um novo capítulo na novela dos desastres ambientais no país.
As imagens que mostram essa catástrofe viralizou nas redes sociais em todo o mundo a ponto de a hashtag #PrayForAmazonas ocupar a primeira posição no “trending topics” do Twitter mundial.
A Amazônia e o Cerrado são os biomas mais afetados com as queimadas, com 52,5% e 30,1% dos 72.843 focos de incêndio registrados, respectivamente. Segundo El Pais, áreas de proteção ambiental também foram afetadas: 68 incêndios foram registrados em territórios indígenas e áreas de conservação esta semana, a maioria na região amazônica.
Os danos causados pelo fogo à maior floresta tropical do mundo são incalculáveis. O jornal espanhol informa, ainda, que o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, localizado no estado do Mato Grosso, já perdeu 12% de sua vegetação, e que o fogo já chegou ao Pantanal, onde é muito difícil combatê-lo, visto que não há estradas na região e apenas pequenos barcos conseguem transitar pelos afluentes dos rios.
As queimadas têm origem, em sua maior parte, em propriedades privadas. Desde janeiro, as taxas de incêndio têm sido estas: 60% dos focos ocorreram em áreas privadas registradas no Cadastro Ambiental Rural do Brasil, 16% em terras indígenas e 1% em áreas protegidas, segundo divulgado por El Pais. Os dez municípios da Amazônia onde os incêndios foram mais abrangentes são também aqueles com as maiores taxas de desmatamento.
O partido Rede entrou com um pedido, no Supremo Tribunal Federal (STF), de destituição do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por crime de responsabilidade por não garantir o art. 225 da Constituição Federal e a Política Nacional do Meio Ambiente, informa a ex-ministra da pasta, Marina Silva, de acordo com o site português Observador.
Os senadores da Rede Fabiano Contarato e Randolfe Rodrigues protocolaram o pedido no STF, nessa quinta-feira, no qual consta que o ministro cometeu crimes de responsabilidade e atos incompatíveis com a função que ocupa. Segundo a Isto É, Salles foi procurado para comentar o episódio, mas ainda não se manifestou sobre ele.
Fazendo coro com a Rede, o Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) e 50 ONGs protocolaram esta semana, na Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, o mesmo pedido contra Salles
“em razão do aumento da devastação da floresta amazônica e da omissão do ministério diante da gravidade da situação, além da redução das multas aplicadas na região pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama )”, informa O Globo.
Além dessas razões, a Proam alega que o desmatamento da Amazônia é maior do que os dados divulgados oficialmente e de que agentes da fiscalização estariam sofrendo intimidações. As entidades afirmam a existência de um relatório elaborado por especialistas que comprova as omissões do Ministério do Meio Ambiente.
Uma das especialistas é a bióloga Yara Schaeffer-Novelli, da Universidade de São Paulo, que afirma que o atual estágio da devastação só chegou a tal ponto com a conivência e a omissão da administração federal.
Nas redes sociais, as manifestações contrárias a Salles já tomam conta com posts como “Amazônia sim, Salles não”, no Instagram, e no Twitter com a hashtag #ForaSalles.
O presidente Jair Bolsonaro jogou uma batata quente no colo dos governadores dos estados amazônicos. De acordo com O Globo, o presidente teria afirmado que os governadores dos estados da região Norte são “coniventes” com o aumento do desmatamento e das queimadas.
Bolsonaro também acusou membros de ONGs pelas queimadas na região, que estariam tentando prejudicar o seu governo. O chefe do Executivo, que já havia sido apelidado de “capitão motosserra” passou a receber a alcunha de “Nero”, em referência ao imperador romano que ateou fogo em Roma.
“Agora estou sendo acusado de tocar fogo na Amazônia. Nero! É o Nero tocando fogo na Amazônia”, disse o presidente, tentando justificar o alto número de incêndios na floresta como natural. “É época de queimada por lá”, informa o site Metrópoles.
A sua inabilidade para lidar com o problema também foi expressa na seguinte declaração:
“O pessoal está pedindo aí para eu colocar o Exército para combater. Alguém sabe o tamanho da Amazônia?”.
Além de lavar as mãos, ao não autorizar o envio de tropas do Exército para coibir as queimadas na floresta, Bolsonaro tenta culpar terceiros, desresponsabilizando-se como chefe de Estado.
Até o momento, estamos vendo o Brasil arder em chamas sem qualquer aceno para tentar resolver esse mais novo desastre ambiental da história brasileira. Em um artigo publicado esta semana em El Pais, Marina Silva chama o que está havendo no país de “barbárie ambiental” promovida pelo atual governo, nem um pouco preocupado com a situação; pelo contrário, mostra-se cúmplice da destruição.
A ex-ministra do Meio Ambiente destaca a importância não apenas ambiental da floresta amazônica como, também, cultural, a qual todos nós devemos tomar como patrimônio:
“Antes de mais nada, são florestas, um sistema de vida complexo e criativo. Têm cultura, espiritualidade, economia, infraestrutura, povos, leis, ciência e tecnologia. É uma identidade tão forte que permanece como uma espécie de radar impregnado nas percepções, no olhar, nos sentimentos, por mais longe que se vá, por mais que se aprenda, conheça e admire as coisas do resto do mundo”.
Tomados de um senso de responsabilidade e comoção que parece faltar ao governo federal, a sociedade civil decidiu se mobilizar para mostrar a sua indignação com os incêndios que estão destruindo a fauna e a flora brasileiras e exigir do poder público uma atitude. Estão previstas manifestações em várias cidades brasileiras nos dias 23, 24 e 25 de agosto. Nesta sexta-feira, está marcada uma grande manifestação no Rio de Janeiro em defesa da Amazônia.
Confira os calendários e participe dessa mobilização em prol dos nossos biomas, do Brasil e da vida.
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Categorias: Ambiente, Informar-se
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