O que acontece à vida quando se elimina o plástico. O exemplo de Vanuatu


Buscando proteger suas florestas, recifes de corais e rios, em 2018, o governo de Vanuatu baniu o plástico de uso único: sacolas, canudos e embalagens de poliestireno. A pequena ilha localizada no Pacífico Sul vinha sofrendo com problemas já conhecidos e alardeados mundo afora: degradação ambiental, morte de aves, animais terrestres e marinhos por ingestão de lixo.

Mas, em pouco tempo, os efeitos das medidas restritivas já podem ser sentidos por seus cidadãos.

Um vídeo produzido pela rede britânica BBC mostra como a proibição das sacolas plásticas no comércio, por exemplo, não apenas refletiu na limpeza das águas, como também impactou na renda da população local.

“Antes, havia muito plástico. Depois da proibição, você não vê mais nenhuma sacola plástica de uso único. É tão bom. Eu amo isso”, comemora Martika Tahi, representante da Sociedade de Ciência Ambiental de Vanuatu.

No entanto, há outros motivos para celebração. Como o comércio local foi proibido de distribuir sacolas, muitas mulheres passaram a se dedicar à produção de bolsas, confeccionadas com materiais naturais, segundo a tradição local.

“A proibição do plástico nos ajudou muito, especialmente com o empoderamento econômico”, contou Rosalie Vatu, artesã dedicada às bolsas de palha. Segundo ela, o banimento do plástico aumentou a demanda pelo produto artesanal, que, hoje, tornou-se fonte de renda para mulheres em diversas cidades.

Inicialmente, no entanto, a proibição não foi muito bem vista e foi preciso muito diálogo. Myriam Melo, chef em um mercado local e representante do movimento ‘No Plastik Plis’ (‘Sem plástico, por favor’, em português), relatou as dificuldades iniciais para implementar as iniciativas em prol do meio ambiente:

“Na primeira vez que falamos sobre banir a sacola plástica, as pessoas ficaram zangadas. No mercado, eu tive que conversar com todas as ‘mamas’, foi difícil”.

Hoje, equipes responsáveis pela limpeza das praias e monitoramento ambiental já sentem a diferença:

Segundo Christina Shaw, também representante da Sociedade de Ciência Ambiental de Vanuatu, as sacolas plásticas, que costumavam ser o principal item encontrado nas coletas, já tiveram sua presença reduzida no lixo.

A previsão é que, a partir de dezembro de 2019, outros itens sejam banidos: bandejas de poliestireno, redes plásticas para vegetais, copos de plásticos e de poliestireno e talheres plásticos.

Os desafios estão longe de acabar. Como ressalta Shaw, não é possível ter controle sobre as embalagens dos produtores externos. Além disso, já falamos por aqui que os países insulares do Pacífico vêm sofrendo as consequências da crise climática, embora pouco contribuam para seu agravamento.

Que essas iniciativas sirvam de alerta e inspiração.

Veja AQUI o vídeo da BBC, em inglês com legenda.

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Gisele Maia

Jornalista e mestre em Ciência da Religião. Tem 18 anos de experiência em produção de conteúdo multimídia. Coordenou diversos projetos de Educação, Meio Ambiente e Divulgação Científica.


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