Saiu na BBC britânica, na americana CNN, na Deutsche Welle, na Al Jazeera, do Quatar, nas agências de notícias mais importantes do mundo, como a Reuters, em insuspeitas publicações liberais, como The Wall Street Journal e a Bloomberg. A lista não para de crescer: as discordâncias em relação aos dados sobre o desmatamento levaram à exoneração do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Ricardo Galvão, e o caso repercutiu internacionalmente, via de regra de forma negativa.
Na semana passada, o governo anunciou a compra de novos equipamentos de medição e Bolsonaro falou em filtrar as informações do Inpe antes de chegarem ao conhecimento do público, para evitar manchas na imagem do Brasil no exterior. Se era essa a preocupação, o presidente deu um tiro no pé.
Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, questionaram a veracidade dos dados do Inpe, sem, no entanto, apresentar outros para confrontá-los, e esse é um dos fatos mencionados com frequência nos veículos estrangeiros. Alguns, como a Bloomberg, deram destaque à trajetória e prestígio de Ricardo Galvão, PHD pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), um dos mais respeitados centros de pesquisa tecnológica do mundo. Outras, enfatizaram o apoio da comunidade científica internacional à Galvão. A CCN disse que procurou a assessoria do governo para comentar a exoneração, mas não obteve resposta.
No entanto, Bolsonaro deu uma resposta ontem (4), do Palácio da Alvorada, em Brasília. Ao ser questionado se havia pedido ao ministro da Ciência e Tecnologia para demitir Galvão, declarou:
“Eu não peço. Certas coisas, eu mando. Por isso que sou presidente. Após as declarações dele a meu respeito, pessoais, não tinha clima para continuar mais”.
Durante um culto evangélico, ainda no domingo, ele afirmou que a imprensa é oposição e que os jornalistas o perseguem, e acenou com a possibilidade de reeleição em 2022.
Com essa postura, optando por elevar o tom em vez de trabalhar pela mediação dos conflitos, o presidente cola mais uma vez sua imagem à de outros líderes autoritários no mundo, chamados recentemente de “palhaços assassinos” pelo jornalista George Monbiot, do jornal britânico The Guardian.
A repercussão internacional negativa pode resultar inclusive em perdas econômicas, como vem sinalizando há tempos alguns líderes europeus.
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Categorias: Ambiente, Informar-se
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