Índice
Em um artigo de André Borges recentemente publicado no Estadão, o autor cita 3 projetos de usinas hidrelétricas de baixa produção (pouco rentáveis) e muita inundação: “Usinas propõem inundar 1.085 km2 da Amazônia”.
Não bastando os projetos anteriores – Belo Monte é inesquecível! – estes 3 vão produzir pouco e inundar muito. Por quê? A benefício de quem?
Leia mais:
A gente não precisa ser engenheiro para entender que uma usina deveria produzir muita eletricidade para compensar, de alguma maneira, a perda da biodiversidade, da área vegetal de equilíbrio para o CO², a perda das vidas, inclusive das humanas, indígenas.
Estes 3 projetos estavam na gaveta – tinham sido recusados anteriormente – e agora está na pauta uma nova tentativa de licenciamento.
Claro, com o (des)governo vendendo o país e seus recursos a “preço de banana”, as empresas (neste caso, mais uma vez é a paranaense Intertechne Consultores, que também assinou outros grandes projetos hidrelétricos na Amazônia – Belo Monte, Santo Antônio e Teles Pires) fazem a maior pressão, com justificativas espúrias, para conseguir seus imensos lucros às custas da nossa mata.
Trata-se dos projetos Sumaúma, Quebra Remo e Inferninho, a serem implantados sobre áreas de preservação na fronteira de Mato Grosso, Rondônia e Amazonas.
Uma delas, a do Inferninho, afetará diretamente a Reserva Indígena Roosevelt, dos Índios Cinta-Larga, que margeia o Rio Roosevelt , afluente secundário do Rio Madeira, em Rondônia. O Rio Roosevelt tornou-se conhecido internacionalmente e é lendário por ter sido objeto de levantamentos (1913-14) onde participou o então presidente dos EUA Theodore Roosevelt e o Marechal Cândido Rondon na Expedição Guariba.
Os números do projeto são claros – qualquer dos 3 projetos propostos pretende produzir, por hectare de mata inundada, muito menos energia (muito, muito menos) do que o esperado em Belo Monte (e nesse a quantidade sequer é magistral, como se sabe).
Veja você o absurdo que a empresa paranaense se propõe realizar:
Ou seja, o total de energia gerada, 1.035 MW nos custará 1.085 km² de floresta amazônica inundada para sempre. Fora os outros impactos ambientais (e socioambientais) que sempre resultam de se interromper o curso natural das águas e a inundação das terras.
O jornalista fez a comparação com Belo Monte, cuja capacidade de energia prevista é de 11.233 MW em 478 km² de área inundada. A matemática não nos deixa mentir: a diferença de produção de energia, em MW, por área inundada, desses 3 projetos, é 8 vezes menor do que a esperada para Belo Monte (que não é nenhuma maravilha, já se sabe).
No esquema (do Estadão) dá para visualizar melhor toda a questão colocada acima:
Só para recordar, ou não deixar esquecer, você se lembra dos problemas que resultaram do projeto de Belo Monte? Do Do deslocamento, para lugar nenhum, dos ribeirinhos? Das aldeias indígenas alagadas e a perda de seus territórios ancestrais?)
Mas, se você esqueceu, relembre o caso assistindo ao documentário BELO MONTE DEPOIS DA INUNDAÇÃO.
Não me cabe aqui criticar tecnicamente qualquer dos projetos pois, para esse fim estão os gabaritados técnicos do IBAMA (espero) porém, fica a pergunta:
A quem interessa (a mim, não) essas 3 usinas (modernas? bem planejadas?) que vão alagar uma área tão grande quanto a da capital do Rio de Janeiro para ofertar ao país 8 vezes menos energia do que a esperada em Belo Monte?
Por que esses projetos estão outra vez em pauta eu deixo para você pesquisar na mídia. O que me interessa mostrar aqui é o absurdo da proposta que destruirá terras indígenas (dos Cinta-Larga), unidades de conservação ambiental antigas, criará áreas inundadas sobre vegetação (o que aumenta em muito a quantidade de CO2 que sobe para a atmosfera, pela fermentação dos restos vegetais). Consequentemente, nosso patrimônio, a biodiversidade que é o lastro positivo para o futuro da humanidade, será transformada em lodo fedorento.
O próximo ano será decisivo para que mais esses projetos sejam barrados – a empresa se propõe a gastar 20 milhões de reais para refazer cada estudo técnico, apresentar novos modelos que nos convençam que os danos nãos serão tão absurdos.
Claro que a empresa diz que os projetos são viáveis, nem há o que se discutir. Para mim é óbvio que, o viável, neste caso, é o uso abusivo de um recurso natural de todos em benefício de uns poucos. Nada mais que isso.
Categorias: Ambiente, Informar-se
ASSINE NOSSA NEWSLETTER