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Não dá para imaginar ações ambientais desvinculadas da participação popular. A velha dicotomia natureza e cultura não faz muito sentido se pensarmos que a natureza é parte da nossa cultura, de como simbolizamos a nossa relação com o mundo e atuamos sobre ele. Um bom exemplo para entendermos isso é o projeto Pesca Sustentável, cujo objetivo é beneficiar pescadores do Acre de forma que eles tenham aumento de sua renda e que a comunidade local se engaje na conservação do meio ambiente.
O projeto Pesca Sustentável já existe há cerca de dois anos e, mesmo com tão pouco tempo, os seus resultados já têm sido sentidos pelas comunidades pesqueiras do estado do Acre. Os pescadores das cidades de Feijó e Tarauacá vêm sendo capacitados para desenvolverem sistemas de manejo sustentável do piracuru, peixe da região, bem como o monitoramento da espécie para a certificação da pesca. A iniciativa vem sendo realizada por uma parceria entre o WWF-Brasil com organizações e grupos locais e apoio do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os pescadores participantes do projeto realizam atividades como contagem dos peixes, apoio em pesquisas de monitoramento do pirarucu e comercialização do pescado. A importância da contagem de peixes, por exemplo, é para quantificar os pirarucus jovens e adultos que têm acordos de pesca vigentes e fazer, dessa forma, o manejo adaptativo do projeto.
Em Feijó, de 2015 para 2016, houve redução no número de pirarucus. Segundo Moacyr Silva, gestor do Projeto do WWF-Brasil, este ano ocorreu uma seca severa no rio Envira, o que dificultou que os peixes chegassem aos lagos mais distantes. “Com um período menor de conexão dos lagos ao rio durante a cheia de 2016, não houve tempo hábil para a renovação da água e do processo de limpeza natural dos lagos, que ficaram mais sujos por vegetação superficial. Dessa forma, os peixes não foram localizados de forma efetiva no momento da contagem e acreditamos que isso também influenciou em alguma medida o resultado final da contagem de 2016”, explica.
Os pirarucus são comercializados anualmente, todo mês de agosto, na Feira do Açaí, em Feijó. Este ano, 14 peixes foram pescados, totalizando 492 kg.
Tudo o que é arrecadado é dividido entre a comunidade da seguinte maneira: 65% para os manejadores, 20% para a comunidade onde fica o lago manejado e 15% para a Colônia de Pescadores de Feijó. Dessa forma, toda a comunidade sai ganhando pelo trabalho conjunto. Várias comunidades locais são beneficiadas, entre elas: parte da população da etnia Kaxinawá e agentes indígenas de manejo de pirarucu da TI Kaxinawá Praia do Carapanã.
Os desafios para este ano são a expansão do manejo do pirarucu para as dez aldeias dessa mesma TI, a consolidação do grupo de manejadores e o fortalecimento do monitoramento participativo dos lagos, que também serão ampliados com acordos de pesca aprovados e com a identificação de novos com potencial de manejo do pirarucu.
No vídeo abaixo conheça a história de Charles Guimarães dos Santos, 36 anos, pescador e morador do município de Feijó – AC.
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Categorias: Ambiente, Informar-se
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