A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório que demonstra que 80% da população urbana mundial está exposta a poluentes em quantidade superior aos limites recomendados.
A situação se agrava mais em países pobres do Oriente Médio e Sudeste Asiático. As nações mais preocupadas com o meio ambiente conseguiram melhorar a qualidade do ar nos últimos anos, mas isso não reverte a média global, que caiu 8% entre 2008 e 2013. No Brasil, a situação não é nada boa: das 45 cidades investigadas, 40 têm poluentes no ar em níveis maiores que os recomendados.
“A poluição urbana do ar continua aumentando em ritmo alarmante, provocando estragos na saúde humana. Ao mesmo tempo, a consciência está aumentando e mais cidades monitoram a qualidade do ar. Quando ela melhora, doenças respiratórias e cardiovasculares diminuem”, disse Maria Neira, diretora do Departamento de Saúde Pública da OMS.
A OMS avaliou a qualidade do ar e mais de três mil cidades de 103 países. Para o estudo, foram levados em conta dois parâmetros: as concentrações do material particulado com diâmetro menor que dez micrômetros (PM 10) e menor que 2,5 micrômetros (PM 2,5) por metro cúbico. O mais perigoso deles é PM 2,5, porque pode atingir mais profundamente o sistema respiratório e está associado diretamente à maior incidência de problemas cardiovasculares.
Na maioria das cidades de países pobres e em desenvolvimento, entre eles o Brasil, é monitorado apenas o PM 10, fazendo os autores do relatório a estimarem a proporção de PM 2,5 nessa medição. No caso do PM 10, o nível máximo recomendado, na média annual, pela OMS é de 20 microgramas por metro cúbico de ar.
Segundo o estudo da OMS, Zabol, no Irã, é a cidade mais poluída do mundo, devido aos 217 microgramas de PM 2,5 por metro cúbico de ar na média anual. Em seguida estão Gwalior e Allahabad, ambas na Índia, com 176 e 170 microgramas, respectivamente (o nível máximo recomendado pela organização é de 10 microgramas por metro cúbico na média anual). A Índia é o país com os piores índices de poluição urbana, 13 das suas cidades estão entre as 30 mais poluídas do mundo, incluindo a capital Nova Délhi, que ocupa a 14ª posição. A , conhecida por ser um grande poluidor, tem cinco cidades entre as 30 mais poluídas.
Os níveis de poluição são menores no países do Hemisfério Norte e do Pacífico Ocidental. Já o Brasil ocupa uma posição intermediária. A cidade brasileira com maiores níveis de poluição atmosférica é Santa Gertrudes, no interior de São Paulo, que registrou 44 microgramas de PM 2,5 por metro cúbico. A prefeitura de Santa Gertrudes explica que a principal fonte de poluição no município é provocada pela indústria de cerâmica, mas afirma ter adotado medidas recentes, como a proibição do tráfego de veículos de carga com carroceria descoberta, e uma parceria com as empresas para a implantação de novos sistemas de filtragem.
Outras cidades que superaram os níveis de poluição recomendados pela OMS são: Cubatão, na Baixada Santista, Rio Claro, no interior “paulista, região metropolitana de São Paulo, Rio de Janeiro, e Curitib.
Esse tipo de poluição é extremamente grave, com consequências tanto para o sistema respiratório como cardiovascular”, explica Marcos Abdo Arbex, pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP. “Essas partículas, com menos de 2,5 micrômetros, são tão pequenas que atingem as regiões mais profundas do sistema respiratório, podendo provocar danos aos alvéolos. Partículas ainda menores ultrapassam a barreira do sistema respiratório para o circulatório, provocando inflamações sistêmicas”.
A baixa qualidade do ar provoca diversos riscos, como acidente vascular cerebral, doenças cardíacas, câncer de pulmão e doenças respiratórias.
Os indivíduos mais ameaçados pela poluição atmosférica são os habitantes de países mais pobres. Segundo o relatório da OMS, 98% das cidades de países de renda baixa e média, com mais de cem mil habitantes, não atendem às recomendações da OMS.
“A poluição do ar é uma grande causa de doenças e mortes. Quando o ar sujo cobre nossas cidades, as populações de jovens, idosos e pobres, são as mais impactadas”, diz Flávia Bustreo, diretora assistente para Saúde da Família da OMS..
Como a OMS muito bem destaca, individualmente é difícil fazer algo para combater a poluição atmosférica. É necessário que o poder público implemente ações, como reduzir emissões industriais; elevar o uso de fontes renováveis de energia; e priorizar sistemas rápidos de transporte e deslocamentos a pé ou de bicicleta.
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Fonte: Sérgio Matsuura, César Baima em oglobo
Categorias: Ambiente, Informar-se
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