Um estudo publicado em 6 de maio passado na revista “IOPScience”, o “Interactions between sea-level rise and wave exposure on reef island dynamics in the Solomon Islands“, de Simon Albert (leia aqui o artigo científico completo) afirma que 5 ilhas sumiram do mapa, literalmente. Bom, é verdade que são ilhas baixinhas, recifes de coral cobertos com areia e com alguma vegetação mas, sumiram mesmo. O que quer dizer isso?
O estudo investigou, por comparação de fotos aéreas e imagens de satélite, a situação das ilhas de baixa altitude que compõem as Ilhas Salomão, um pais insular no Arquipélago da Melanésia, a nordeste da Austrália. Portanto, no oceano Pacífico.
Segundo o resumo do estudo em questão, os recifes de baixa altitude das Ilhas Salomão fornecem valiosa informação comparativa para os impactos futuros do aumento global do nível do mar e, dado que esta área, por sua dinâmica costeira, é considerada um hotspot para o aumentos do nível das águas, é possível, pela análise do que acontece lá, em intervalos consideráveis de tempo, interpolar resultados para outras áreas menos sensíveis.
Neste estudo foi feita avaliação da situação de 33 ilhas da região e a situação é crítica! Cinco destas, ilhas de recife com vegetação, desabitadas, já desapareceram nessas 7 décadas e, outras seis sofrem com grave recessão costeira – isso quer dizer que o mar avança sobre a terra obrigando ao deslocamento de suas populações. As taxas de recessão costeira são consideravelmente mais elevadas nas áreas expostas às ondas do que nas que são protegidas pela vegetação. Esse fato orienta o pensamento para o efeito devastador da erosão costeira como coadjuvante na destruição das ilhas.
Outro estudo, há tempos já, demonstrou que o mar começou a subir de forma rápida desde o advento da revolução industrial no nosso planeta, ou seja, a partir de 1880. Para que você tenha uma ideia, coletei aqui algumas informações mais diretas: o nível do mar subiu 6 cm durante o século IX, 19 cm durante o século XX e, se as condições que geram essa subida rápida se mantêm, deverá atingir os 31 cm no final do nosso século.
O atual estudo de Simon Albert é a primeira confirmação científica do que sempre afirmaram os povos da região da Melanésia, que suas ilhas estão desaparecendo.
Os cientistas atribuem estas alterações do nível do mar à mudança climática que vem sofrendo nosso planeta que gera intensificação dos ventos alísios, por conta do aquecimento atmosférico. Nas ilhas da Melanésia, os níveis do mar vem subindo de 7 a 10 mm por ano mas, segundo o Painel Internacional para as Alterações Climáticas, esta subida não deveria atingir sequer os 5 mm ao ano na segunda metade do nosso século. Em função disto, comenta Albert em seu estudo “as Ilhas Salomão são como um laboratório natural que nos dá uma boa indicação do que podemos esperar globalmente. O que estamos vendo não vai se tornar a norma”.
A realidade que não podemos esquecer é que o problema, da subida dos mares, é humano. Afinal, fomos nós que resolvemos que seria uma boa coisa construirmos à beira d’água, não é? E também somos nós, humanos, que insistimos num estilo de vida incompatível, energeticamente, com os recursos naturais que nosso planeta Terra nos brinda.
Fonte fotos: CNN e IOPScience
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Categorias: Ambiente, Informar-se
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