Brasil recebe troféu “Cara de Pau” na COP-21 em Paris


Ministros de quase 200 países estão em Paris participando da 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-21) com o objetivo de chegar a um acordo para a luta contra o aquecimento global.

Entretanto, a última semana da COP-21 decorreu com poucos avanços conquistados. No texto preliminar do novo acordo global sobre o clima, que conta com 48 páginas, há quase mil pontos, ainda, em discussão, revelando o tamanho do desafio que os negociadores terão na semana final do encontro para que se tenha um acordo sério e eficaz, como é esperado.

É preciso que esse documento produza efeitos para impedir o aumento da temperatura da Terra em mais de 2ºC, o que causaria eventos climáticos extremos. “O que antes eram apenas previsões negativas nas quais uns acreditavam e outros não, agora é realidade”, explica André Ferretti, gerente de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que está acompanhando as negociações direto de Paris.

Um dos impasses da negociação é o limite de elevação das temperaturas globais até o fim do século (se em 2ºC ou 1,5ºC), quem irá financiar as intervenções contra as mudanças climáticas e quais as metas de longo prazo para zerar as emissões de gases geradores do efeito estufa. “Além disso, também é preciso definir a questão do financiamento após a entrada em vigor do novo acordo, em janeiro de 2021”, comenta Ferretti.

Na COP-16, realizada em Cancun, em 2010, foi estabelecida a criação do Fundo Verde do Clima para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com o aquecimento global. “Seriam medidas de redução de emissões e também de adaptação aos impactos que já estão afetando a qualidade de vida em todo o planeta”, relembra Ferretti.

Na época, a promessa era de arrecadar US$ 100 bilhões por ano até 2020, oriundos de recursos públicos, privados e fontes alternativas. “Já estamos no final de 2015 e até agora esse valor anual nunca foi alcançado”, completa o gerente. O problema é que os países em desenvolvimento se defendem dizendo que precisam de mais recursos, enquanto os países desenvolvidos argumentam que não conseguem doar o valor acordado.

Entre os pontos sobre os quais não há consenso está o limite sobre a elevação das temperaturas globais até o fim do século (em 2ºC ou 1,5ºC), o financiamento para as intervenções contra as mudanças climáticas e as metas de longo prazo para zerar as emissões de gases causadores do efeito estufa.

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, concordam que o acordo deve prever um aumento máximo de 2ºC. Já os representantes dos países insulares do Pacífico e do Caribe, que são os mais afetados pelo aquecimento global, defendem uma barreira de 1,5 temendo a destruição desses países.

“O que temos percebido aqui em Paris é que todos acreditam que saíremos da COP-21 com um novo acordo global de clima. A dúvida maior é sobre se será legalmente vinculante (força de lei) ou voluntário, qual o nível de ambição (impedir aquecimento superior a 1,5 ou a 2 graus Celsius até o final do século), e financiamento (quem pagará a conta)”, conclui Ferretti.

É preciso aguardar até a próxima sexta-feira (11), quando o evento será encerrado, para ter as respostas para essas questões.

Brasil na COP-21

O governo brasileiro ganhou o “Trófeu Cara de Pau” na COP-21 por ter assumido compromisso já assumido anteriormente: acabar com o desmatamento ilegal no país.

Mesmo o Código Florestal já tendo determinado, por lei, que o desmatamento ilegal deve acabar no Brasil, o governo também se comprometeu a acabar com ele até 2020, em um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Raquel Rosemberg, da Engajamundo, entregou, na tarde dessa segunda-feira (7), na Embaixada brasileira em Paris, o “Troféu Cara de Pau” à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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