A lama do acidente no Vale do Rio Doce é tóxica ou não?


Diz o especialista – a lama não é tóxica porque esses – arsênio, mercúrio, chumbo e outros – elementos são comuns ao solo! E que aparecem em níveis muito altos nas análises, por estarem em lama diluída!

Estamos falando de quê? Concentração elevada de arsênio, por exemplo, por mililitro de água que será tratada (para coliformes e parâmetros habituais) para o povo beber?

E os peixes, e as plantas, ficarão saturadinhos destes elementos que até são comuns ao solo? E os habitantes da região, também, pois se alimentam desses mesmos peixes e plantas?

A que solo se referem? Ou será comuns ao solo de uma mineradora que usa elementos químicos na lavagem de seus minérios!? Ou será, elementos químicos comuns ao solo de profundidade, que normalmente não contaminam as águas por estarem indisponíveis?

Será que o especialista que afirma isso não se importa de tomar seu cafezinho em água com arsênio ou mercúrio? Eu me importo, e todo o povo do Vale do Rio Doce, também.

Em Baixo Guandu o prefeito, Neto Barros, apresentou análise da lama que está no Rio Doce. Nesta análise, que é de pleno conhecimento da mídia, como ele diz, foi encontrada “toda a tabela periódica” – ferro, como era de se esperar, e mais, arsênio, alumínio, cromo, mercúrio, entre outros. Alguns, como o mercúrio, estavam dentro dos índices considerados normais mas, o arsênio estava muito, mas muito alto, 13 mil vezes mais do que o esperado.

Segundo o diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guandu, Luciano Magalhães, “essa análise é uma bateria de resultados que fazemos duas vezes por ano em Baixo Guandu”.

Mas, mesmo esses valores extrapolados são considerados normais por alguns.

Como afirmou o biólogo Gilberto Barroso, do Departamento de Oceanografia e Ecologia da UFES, “não há nada de muito estranho, Em princípio, não há nenhuma toxidade para a fauna e a flora”.

E ainda, como afirmou o químico Renato Rodrigues Neto, do mesmo departamento da UFES estas “são concentrações altas para a água, mas o que a gente vê ali é uma lama diluída e esses sinais de elementos químicos são do solo”.

Só que aqui estamos tratando de água, enlameada por culpa da mineradora Samarco, que será tratada para sua potabilização, para humanos e animais beberem. Será que arsênico e outros não fazem, realmente, mal para a fauna?

O pesquisador do Serviço Geológico do Brasil, em Belo Horizonte (MG), Eduardo Duarte Marques, explicou que, apesar do rejeito das barragens ser formado, predominantemente, por substâncias consideradas inertes (quando estão lá na sua barragem, claro), o minério de ferro pode conter sim porções de metais como arsênio, antimônio, zinco e cobre, em concentrações maiores, o que “tornaria a lama realmente prejudicial. No entanto, para saber a concentração, será preciso fazer análises químicas“. E as análises estão sendo feitas, por grupos independentes como o GIAIA, entre outros, que buscam estabelecer a verdade sobre o violento desastre socio-ambiental que ocorre na Bacia Hidrográfica do Rio Doce.

Já o prefeito de Baixo Guandu considera extremamente preocupante os resultados das análises de que dispõe. Afinal, trata-se da vida da população da sua cidade a que está em risco, e não só. “Precisamos de respostas urgentes sobre o problema que atinge toda a região. Não vamos permitir qualquer atividade de mineração. Se não houve mobilização na cidade, as consequências poderão ser ainda mais graves”, afirmou Neto Barros.

E então, eu pergunto aos especialistas: a água que hoje corre no Rio Doce, onde corre, claro, é ou não é saudável?

Se o fosse, os peixes teriam morrido?

Se o fosse, as análises químicas apontariam índices tão elevados de elementos químicos perniciosos?

A população precisa de opiniões técnicas sérias que sejam capazes de avaliar o impacto real e os riscos iminentes que existem. Não precisamos de gente que, do alto de suas cátedras, analisem setorialmente uma questão tão fundamental como é a água de beber e a vida.

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Fonte foto: Gazeta




Redação greenMe

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