Vale do Rio Doce – de qual recuperação fala a ministra do meio ambiente?


Estamos no meio da lama, lama pesada, que sufoca a vida, que está se espalhando por todo lado. Gente morreu, corpos ainda não foram sequer encontrados, casas caíram, bens se perderam. Sim, a água nos municípios que captavam do Rio Doce já não é mais potável, em muitos casos sequer se pode tratar por conta da elevadíssima turbidez. Isso, sem se levar em conta as taxas aumentadas de metais pesados, que existem mas que o poder público não quer tomar conhecimento.

Tem gente solidária, tem gente lutando para salvar a vida que ainda não morreu. Já há grupos formados por técnicos independentes que se debruçam sobre a coleta de dados primários, sua análise, a avaliação dos impactos reais em cada uma das microbacias afetadas. Falo do Grupo GIAIA que já conta com uma listagem de quase 5.000 voluntários de todas as áreas profissionais técnicas e também de muitos que, sem serem técnicos, se dispõem a ajudar, com seus braços, boa vontade, carros, filmadoras.

Toda ajuda é necessária se quisermos salvar a biota do Vale do Rio Doce e do litoral capixaba. E o tempo urge!

Mas o rio, no trecho afetado pela lama da Samarco, esse está morto, assim como mortas estão as terras antes agricultáveis. E mortos ficarão!

O que está morto só poderá ser retornado à vida com ajuda, com projetos que visem a limpeza das calhas dos rios, a retirada da lama que lá se depositou. Depois, é preciso recuperar as terras agricultáveis, que só poderão ser semeadas novamente após a retirada da camada de lama que as sufoca e esteriliza.

E as nascentes, essas têm que ser reflorestadas, óbvio! Sebastião Salgado diz que é possível. Eu acredito, mas o tempo é o tempo e só reflorestar as nascentes não descontaminarão a calha do rio nem suas margens.

Mas, e o mar, minha gente? E se e quando essa lama toda chegar ao estuário, no litoral do Espírito Santo, inundar manguezais matando tudo, e se espalhar pelo oceano? Para onde irão as tartarugas que usam aquelas praias para por seus ovos? E os corais? E as baleias jubarte que povoam Abrolhos?

E aí eu pergunto – de que prazo a ministra do meio ambiente fala? 10 anos, para ela, é longo prazo? Não, senhora ministra, em 10 anos o que se poderá conseguir, se for feito, é a reconstrução das áreas urbanas soterradas, a recuperação de encostas em risco, a limpeza dos reservatórios municipais.

Quem sabe, em 10 anos também se logrará que a mineração do Vale do Aço ponha em prática as medidas preventivas para impedir o soterramento de populações inteiras.

Mas, o meio ambiente, a vida, o rio, seus peixes, as plantas, o mar, nesses a recuperação será bem mais longa. Segundo o biológo André Ruschi, para a recuperação ambiental serão necessários 100 anos.

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Fonte foto: fotospublicas




Redação greenMe

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