A pororoca é um fenômeno natural, uma onda forte, de água doce, que corre transversal ás margens do rio, e acontece em toda lua cheia e nova, quando o rio entra, com força avassaladora, no mar.
Lá no Araguari, rio imenso do estado do Amapá, até bem pouco tempo acontecia a pororoca. Era uma beleza de se ver, muitos surfavam em sua crista, era um belo cartão postal e mostrava a força do rio. Para a tribo do surf, a região da desembocadura do Araguari era conhecida como “Hawaii das Pororocas”. Mas isso mudou e a pororoca está em vias de extinção.
A pororoca do Araguari, como nos , da Fluir Wave, era uma maravilha que avançava, rio adentro, a 40 km/h e podia quebrar, por mais de duas horas – a onda mais longa do mundo, segundo o “Guiness Book”. Era, não é mais.
O fim da pororoca tem vários motivos, todos eles de origem antrópica, direta ou indiretamente. Toda ação do ser humano modifica, de alguma maneira, o equilíbrio das forças da natureza causando, muitas vezes, impactos irreversíveis.
O primeiro problema assinalado é resultante da criação extensiva de búfalos nas planícies litorâneas da região. O búfalo é um animal que adora água, vive procurando um charco para se enfiar, em geral está em pastagens semi-alagadas, onde caminha fazendo sulcos e canais. Esses canais, em muitos casos, interligaram águas doces de lagoas com a água salgada do mar, prejudicando a procriação do pirarucu que habita essas lagoas internas.
Outro problema resultante do manejo inadequado dos búfalos é que, por esses canais a água do rio entrou, alargando-os como rios e separando porções do continente, que antes eram terra firme e agora são ilhas. Esta situação também aumentou o assoreamento da foz do rio Araguari, antes o mais volumoso e rápido do Amapá e hoje, praticamente sem caudal.
O sistema hídrico do rio também foi modificado pelas hidrelétricas construídas a montante, que reduziram sua força e quantidade de água, colaborando para o assoreamento da sua calha.
Toda essa situação culminou, no caso do desaparecimento da pororoca, pelo surgimento de um canal profundo que impede a entrada das águas do Atlântico na calha do Araguari, nas marés cheias. E isso resulta, diretamente, na falta da pororoca – não há volume suficiente no rio correndo para o mar e nem o mar entra com a força de antes na calha do rio, não há mais o portentoso encontro das águas que antes corria por 10 km e já era considerado “evento internacional” do surf.
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Fonte foto: ceped.ufsc.br
Categorias: Ambiente, Informar-se
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