Em pesquisa divulgada no última dia 17, foi mostrado que 16% do território brasileiro são suscetíveis a desertificação. Criado para ancorar o desenvolvimento de políticas públicas direcionadas à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, o Estudo sobre o Estado da Arte da Desertificação, Degradação das Terras e Seca no Semiárido Brasileiro, é o documento responsável pelos dados divulgados.
O dia 17 de junho se tornou o Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação graças a chancela da Organização das Nações Unidas (ONU), com o intuito de promover a conscientização da população sobre o tema. Cerca de 42% das terras do mundo inteiro e 35% da população mundial sofrem com o problema.
Agravado pela interferência do homem, as mudanças climáticas estão contribuindo com a diminuição da fertilidade dos solos à redução da disponibilidade hídrica, transformando grandes regiões, antes produtivas, em verdadeiros desertos.
Na opinião do pesquisador Antônio Magalhães, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE é necessário tomar medidas urgentes para evitar que o problema alcance nível crítico no Brasil.
“A preocupação com a sustentabilidade precisa ser internalizada nessas regiões. O enfrentamento da seca inclui a questão cultural, uma mudança de comportamento de todos que têm o poder de interferir no meio ambiente. Esse comportamento é influenciado pelo interesse econômico de curto prazo. Cortar as árvores para vender a madeira dá lucro no curto prazo, por exemplo, embora a longo prazo dê prejuízo porque pode inviabilizar toda uma área.”
Segundo o pesquisador, o Brasil evoluiu no enfrentamento contra a seca, desenvolvendo tecnologias capazes de atenuar o problema em regiões mais vulneráveis, como o Nordeste, o estado do Espírito Santo e o norte de Minas Gerais.
Magalhães também toca no aspecto socioeconômico da questão, apontando diferenças nas soluções tomadas entre famílias ricas e pobres que vivem em regiões desérticas. Enquanto que os pobres precisam enfrentar o problema de frente por falta de opção, os mais ricos simplesmente se mudam para locais onde a seca não é um grande empecilho.
Em sua visão, combater a seca significa combater a pobreza também, já que o semiárido concentra 85% da pobreza do Brasil. “Essas duas coisas são muito interrelacionadas”, diz o especialista.
Magalhães finaliza afirmando que o Brasil tem feito sua parte quando é analisado sobre o ponto de vista dos relatórios e sugestões da ONU e o Comitê Científico da Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos de Secas (UNCCD), do qual o país faz parte, mas que poderia, em outros âmbitos, fazer muito mais:
“Essa é uma convenção que não tem muito prestígio no Brasil, não tem uma formalização adequada nas instituições governamentais. E os instrumentos da Convenção, como o Plano de Ação de Combate à Desertificação, foram feitos, mas são documentos para prateleiras, não são documentos operacionalizados. O Brasil pode melhorar muito a sua contribuição para os objetivos da Convenção.”
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Fonte foto: wikipedia.org
Categorias: Ambiente, Informar-se
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