Que direito têm alguns de matar outros? Nenhum, claro. No entanto, isso acontece, rotineiramente, e mais ainda quando estes, os que morrem, são defensores de direitos humanitários, defensores da cidadania, defensores do meio ambiente. Falamos dos assassinatos de líderes ambientalistas, que são perseguidos por seus opositores, latifundiários ou industriais que se sentem prejudicados por sua atuação defensora dos direitos humanos e ambientais dos povos.
Segundo documentou a ONG Global Witness em relatório publicado dia 20 de abril, foram registradas, no mundo, em 2014, um total de 116 mortes, das quais 29 foram no Brasil. Estas mortes estão diretamente relacionadas a conflitos na agricultura, mineração e setores energéticos como usinas hidrelétricas e outros afins. Esta cifra representa quase o dobro do número de jornalistas assassinados durante o mesmo período e, corresponde a um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Em média, foram mais de dois assassinatos por semana.
As regiões do globo com maior incidência desse tipo de assassinato são os países da América Latina, onde ocorreram ¾ da cifra total e o sudeste asiático, a segunda região mais afetada. De todos os países da América Latina o país mais afetado foi Honduras, considerado o mais perigoso para os ativistas ambientais, defensores da terra e dos direitos dos camponeses. Em Honduras, entre os anos de 2010 e 2014, 101 líderes ambientalistas foram assassinados. O caso de Honduras chama a atenção para as ameaças sofridas por Berta Cáceres, ganhadora do Prêmio Goldman de Meio Ambiente de 2015.
De grande parte dos líderes mortos neste tipo de ação, 40% das vítimas eram indígenas e os principais motivos que levaram os seus assassinatos foram suas ações pela defesa dos direitos ambientais e dos cidadãos camponeses e indígenas, que lutam contra projetos de hidrelétricas, mineração e da agroindústria, que prejudicam as comunidades autóctones.
No relatório “How many more?” são analisadas as tendências de violação e intimidação que ocorrem nos países em que a perseguição sistemática dos defensores da terra e do meio ambiente, é acompanhada pelas tentativas de criminalização dos movimentos de protesto, a limitação das liberdades e pela fragilidade das leis de proteção ambiental.
A Global Witness apela aos governos e à comunidade internacional para que supervisem, investiguem e castiguem os crimes cometidos e que Honduras, em especial, aborde esses abusos no seu próximo exame da situação dos direitos humanos no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Leia aqui o relatório da Global Witness na íntegra.
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Fonte foto: globalwitness.org
Categorias: Ambiente, Informar-se
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