Convidados pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) por meio da iniciativa “Caminhos para ‘O Futuro que Queremos‘”, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) produziram o relatório “Finanças Verdes – Cenário Brasileiro” sobre instrumentos econômicos e incentivos financeiros que possam auxiliar na superação de problemas ambientais e na adoção de padrões de produção e consumo mais sustentáveis no Brasil.
Os autores ressaltam a pressão exercida pelo modelo econômico vigente sobre os recursos naturais, enfatizando a necessidade de uma transição entre ciclos produtivos poluentes e obsoletos no que tange à sustentabilidade em direção a alternativas com menor impacto ambiental.
No relatório, os estudiosos destacam que o aquecimento global representa a maior crise ambiental com que a humanidade já se deparou. Por isso, se impõe a necessidade de se buscar um modelo de desenvolvimento pautado pela baixa emissão de gases poluidores, preservação das funções ecológicas dos ecossistemas e, ao mesmo tempo, gerar prosperidade econômica e bem-estar social para um número cada vez maior de pessoas.
Isso é possível, já que recentemente houve redução nas emissões causadas por desmatamento em cerca de 78,2%, entre os anos 1990 e 2012 – e recentemente aumentaram significativamente -, contudo, houve um simultâneo incremento das emissões de outros setores (energia e agropecuária, 85,9% e 31,2% de aumento, respectivamente).
O perfil atual das emissões brasileiras está mais próximo ao de países desenvolvidos. O que não é nada bom, pois são imensas, portanto, mesmo com a elevação dessas emissões indica-se que ainda não há ambiente econômico para uma mudança de postura.
Como nota positiva, temos que o Brasil tem feito progresso intenso na construção de um ambiente legal favorável à mitigação das mudanças do clima. Exemplo disso, foi a aprovação da Política Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC (Lei 12.187/2009), a qual estabeleceu, pela primeira vez, metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. A concepção econômica brasileira de reduções de emissões (MBRE), prevê um mercado, que poderia ser operacionalizado de modo a incorporar as reduções de emissões resultantes do desmatamento, combinando-as com aquelas de outros setores. O Sistema de Incentivos a Serviços Ambientais (SISA) do estado do Acre, por exemplo, é reconhecido como uma das primeiras políticas públicas e é considerado o mais avançado no mundo
A política tributária, pelo lado negativo, caminha em oposição ao desenvolvimento sustentável. Isso porque boa parte dos gastos tributários (incentivos fiscais) no país é oferecida àquelas atividades econômicas de alto impacto ao meio ambiente e intensivas em emissões de gases poluentes.
A questão da perda da biodiversidade é outro desafio. De acordo com a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, grupos sociais em situação de pobreza, no meio rural, serão os mais atingidos, pois dependem dos benefícios gerados pelos ecossistemas mais diretamente.
Por tudo isso, recomenda-se que todas as atividades que não sejam sustentáveis devem ser oneradas; e e desonerar aqueles que podem agregar mais valor a economia com menor impacto ao meio ambiente.
Uma opção seria a CIDE Carbono – a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, tributo da União e que pode ser instituído em diversas áreas. É uma forma de se buscar atingir os principais vetores de emissões de gases no Brasil, isto é, pecuária e combustíveis fósseis, os quais são responsáveis, por 21,4% e 30,6%, respectivamente, de todas as emissões em território nacional.
Enfim, o próprio modelo econômico precisa ser repensado, uma vez que se fortaleceu ao consolidar uma realidade econômica em que o crescimento do PIB das nações é medida de prosperidade. No entanto, os bens de consumo produzidos pelas indústrias e comercializados mundo afora demandam recursos naturais em toda a cadeia de produção e também em sua utilização – como carros e produtos elétricos. É preciso rever padrões de produção e consumo para um mundo mais sustentável.
Para ler a íntegra do relatório, clique aqui.
Leia também: Fábrica Verde: do RJ para o mundo
Fonte foto: freeimages.com
Categorias: Ambiente, Informar-se
ASSINE NOSSA NEWSLETTER