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Tem moda para tudo, é incrível. Agora é essa – vender água derretida de geleiras do Círculo Polar Ártico. Dizem que esta é uma “água gourmet” – com certeza, se depender do preço absurdo de cada garrafa de 750 ml.
Mercado de luxo com água de iceberg derretida – água gourmet, diz a propaganda da empresa Svalbardi. A Svalbardi, empresa norueguesa, está vendendo água derretida dos icebergs do arquipélago de Svalbard, que é um território da Noruega no Ártico.
Cada garrafa de 750 ml custa 94 euros, ou seja, algo em torno de 310 reais.
Essa moda também pegou no Tibete onde, em 2015, o governo “outorgou licenças para que dezenas de empresas chineses explorarem as geleiras do Himalaia para produzir água engarrafada premium“.
Nessa brincadeira de ganhar dinheiro vendendo água de geleira o pessoal nem liga para os impactos ambientais que podem provocar. Aliás, o capitalismo nunca ligou mesmo – o que interessa é vender, a bom preço e excelentes lucros, um recurso natural que é bem de todos.
É preocupante? Sim, a questão, cada vez mais acirrada, da venda das águas mundo afora tem a ver com a “Guerra da Água” que já se vive em diversos países. Em uns porque é um bem escasso, em outros porque grandes corporações o privatizaram (Chile, por exemplo, e o que pretende a Nestlé, Coca-cola e outras com o nosso Maciço Guarani).
No caso das águas de geleiras, o seu desvio para lucros de venda significará
“uma interrupção em sua fonte poderia produzir “impactos devastadores” para a segurança da água em toda a região, segundo Lio Hongquiao, analista do programa China Water Risk.
Nos icebergs de Svalbard, águas boas que deveriam permanecer no ciclo natural serão engarrafadas e vendidas a peso de ouro para os mais ricos fazerem bonito.
Mas, engraçado, que não se preocupam em avaliar se, afinal, essas águas têm as condições de potabilidade realmente boas, não é?
Ainda ontem surgiu um estudo que falava da contaminação das águas da Antártica com diversos químicos que hoje povoam o “mundo civilizado”. Será que as águas do Ártico não estão também contaminadas assim?
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No caso das águas de Svaldard, os especialistas afirmam que “a quantidade a ser engarrafada é, na verdade insignificante se comparada com o volume liberado anualmente pelas geleiras do arquipélago” mas que, “o problema seria a poluição gerada pelas embarcações que realizam a atividade”, diz Francisco Navarro, especialista em geleiras que já pesquisou as de Svaldbard e integra a Rede de Glaciologia do Ártico. E, outro especialista contesta, no entanto, a sustentabilidade da cadeia de produção a longo prazo “(Peter Gleick, presidente do Instituto do Pacífico).
Para nós, a pergunta é: as águas mundiais, que são bens da humanidade, devem ser vendidas para dar lucros às corporações capitalistas?
Para ajudar nesta reflexão, recupero aqui um anterior texto meu:
São 10 as principais normas da Declaração Universal dos Direitos da Água:
1. A água faz parte do patrimônio do planeta
2. A água é a seiva do nosso planeta
3. Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados
4. O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos
5. A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores
6. A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo
7. A água não deve ser desperdiçada nem poluída, nem envenenada
8. A utilização da água implica respeito à lei
9. A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social
10. O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
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Categorias: Ambiente, Informar-se
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