A crise atual no abastecimento de água, chegando a um nível sem precedentes, exige de todos uma mudança de postura radical, que vai desde a complexa estrutura de gestão do sistema como um todo, da capacidade e também pela dificuldade em fiscalizar. Para tentar nos aprofundar um pouco mais nesse debate que vem afligindo parte importante do país, vamos falar sobre algumas das matrizes do problema de abastecimento de água da atualidade.
Os recursos hídricos são uma questão de gestão complexa desde o começo dos tempos em que os homens começaram a se organizar em sociedade. Já na Idade do Bronze, cidades se organizavam às margens de rios, o que viabilizava seu desenvolvimento tecnológico. 5 mil anos mais tarde, a água, agora em muito maior escassez, é um recurso estratégico, e a cada vez mais vai aumentando seu valor de mercado, gerando conflitos e demonstrando importância fundamental à vida na Terra.
A própria Organização das Nações Unidas, há dois anos, declarou de forma assertiva que “a água é um recurso natural crítico, do qual dependem todas as atividades econômicas e ecossistemas. Sua gestão requer arranjos de governança apropriados que permitam tirar a discussão das margens do governo e levá-la para o centro da sociedade”; tais informações estiveram presentes no Relatório Gestão da Água sob Risco e Incerteza.
Com isso, a governança da água no planeta é, cada dia mais, uma grandiosa dor de cabeça para as nações do mundo. Crescimento de populações, crescimento da demanda por água, hábitos de consumo, falta de consciência coletiva entre outros elementos, deixam o quadro ainda mais complexo. O aquecimento global e as questões relativas à mudança climática não facilitam o processo em nada, pois pressionam todos os reservatórios hídricos do planeta, tanto em nível regional, quanto local.
Já no Brasil, estamos extamente em um momento onde a questão da escassez de água está batendo às nossas portas. A crise de abastecimento registrada é, de fato, sem precedentes, como a que tem ocorrido em São Paulo e sua região metropolitana.
O problema é tamanho que até mesmo os opositores, PSDB e PT têm sido obrigados a se comunicar mais constantemente, já que a situação de São Paulo parece caminhar à beira de um colapso.
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Contudo o quadro poderia ser outro, uma vez que desde a década passada, pesquisas científicas apontavam para o risco da situação e, em 2009, um estudo já sinalizou para déficits de abastecimento significativos. Sendo assim, ficar dependendo da existência de chuvas é uma atitude de gerenciamento, totalmente irresponsável.
A própria estruturação da Companhia Sabesp é um empecilho a uma política mais consciente de uso da água, uma vez que se trata de empresa que visa obtenção de lucro e, portanto, não irá de modo algum desencorajar o consumo de água por parte da população de São Paulo.
Como um círculo vicioso, o que ocorre é que, por um lado, há aumento populacional; já, por outro, o que temos é um aumento exponencial da população, que acaba consumindo mais, fazendo com que produtores do agronegócio e pecuária tenham de intensificar sua produção e consumo de água, inclusive ocupando determinados pontos que geravam água, antes. Resultado: menos quantidade absoluta de água.
É imprescindível fazer um uso mais racional dos recursos hídricos, o mais rápido possível, para que o quadro possa ser revertido e nós, seres humanos, respirar aliviados, pois a vida para as próximas gerações estará garantida.
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Fonte foto: freeimages.com
Categorias: Ambiente, Informar-se
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