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O garimpo ilegal é uma das formas mais perversas de exploração ambiental. Deixa rastros de destruição, violência e dor. Por serem clandestinos, já iniciam sua jornada na ilegalidade, na invasão de terras, no desmatamento irregular. Para isso, derrubam o que tiver pela frente, não somente árvores.
Os conflitos com os índios são constantes, mas nunca estiveram tão escancarados e tão avançados como atualmente.
Na jornada do garimpo abrem-se estradas ilegais, mas também caminhos para outros tipos de crimes. A rede é grande e está armada. Envolve assassinato, falsificação de documentos, tráfico de animais, tráfico de armas, de drogas e até escravidão de pessoas, afinal a clandestinidade aponta para todas essas direções. Estão à espreita de tudo o que pode render lucro.
Um universo de tensões, violência, conflitos e destruição ambiental.
Na maioria das vezes o sangue derramado é dos animais da floresta, dos povos expulsos ou mortos por defender suas terras.
Mas também chega até a outra ponta, dos funcionários públicos que tem por dever fiscalizar as ações dos exploradores.
Desde que o presidente Jair Bolsonaro afirmou publicamente, na saída de um restaurante para um grupo de garimpeiros, que o governo irá propor um projeto para legalizar garimpos no Pará e depois, reafirmou essa posição à imprensa, frisando que a “exploração tem que casar com a questão ambiental”, que esse grupo ganhou força sentindo-se verdadeiramente apoiado e representado pelo atual governo.
Aliás, a regularização de garimpos, a exploração de madeira e terras protegidas, sejam ambientais ou indígenas, o afrouxamento da fiscalização e das leis de proteção ambiental, foram objeto de propaganda da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro.
Por essa razão, esses grupos estão cada vez mais ousados e violentos, não acatam ou respeitam a fiscalização ambiental realizada pelos agentes do Ibama, ainda que acompanhados da Força Nacional.
É o que vem ocorrendo com os fiscais do Ibama, sofrendo retaliações, ameaças e até mesmo violência física.
Na noite de terça-feira, dia 05, um fiscal do Ibama foi agredido por madeireiros ilegais, em Uruará, no interior do Pará, mesmo na presença de policiais da Força Nacional.
O ataque aconteceu durante uma fiscalização do Ibama conjunta com apoio da Força Nacional, na qual eles encontraram um acampamento ilegal de extração de madeira.
Durante a ação, como o local é muito isolado, não havia como os fiscais recolherem todo o maquinário utilizado para o desmate da floresta, tratores e motosserras, tendo sido tudo destruído e queimado, conforme a Lei determina e autoriza.
Um caminhão, utilizado para transportar a madeira, possível de ser recolhido pelos fiscais, não foi destruído mas, momento em que o bem ia ser apreendido, um grupo de madeireiros cercam, insultam, ofendem e ameaçam um agente do Ibama que acaba levando uma garrafada na cabeça.
Tudo isso acontece na presença dos policiais das Forças Armadas que não reagem.
A ação foi filmada e o vídeo circula pelas redes sociais e foi postado pelo Observatório do Clima no Twitter:
https://twitter.com/obsclima/status/1257969953564692480?s=20
O fiscal foi levado para o hospital e passa bem.
Com um policial no interior de São Paulo foi ainda pior e ele perdeu a vida tentando proteger a floresta.
Aconteceu no sábado à noite, dia 2, durante uma operação da Polícia Ambiental contra um garimpo ilegal que funcionava no interior do Parque Estadual de Intervales, em Sete Barras, no Vale do Ribeira, interior de São Paulo, um guarda do parque foi morto em troca de tiros com garimpeiros.
O parque Intervales é considerado patrimônio natural pela Unesco desde 1991.
Os garimpeiros usavam até mercúrio para extração ilegal de ouro em meio à floresta densa.
O guarda-parque Damião Cristino de Carvalho Junior foi atingido na cabeça e morreu na hora, outro integrante da segurança do parque recebeu um tiro na perna e passa bem. Um garimpeiro foi preso e os outros conseguiram fugir.
28 entidades ambientais dentre elas WWF-Brasil, SOS Mata Atlântica, Imaflora – Instituto de Manejo e Certificação Florestal, Observatório do Clima, The Nature Conservancy (TNC) e Instituto Socioambiental (ISA), divulgaram nota de solidariedade à família e repúdio, classificando como muito grave o que vem acontecendo no Brasil e que a violência está crescendo em grande escala.
Em nota, as 28 entidades afirmam que
“A gestão das UCs do Brasil tem sofrido com a redução de equipe e a precarização da infraestrutura dos sistemas de proteção ambiental. Isso acaba gerando uma pressão ainda maior sobre os guarda-parques e os serviços terceirizados de vigilância que estão à frente da proteção do patrimônio natural do Brasil”.
Segundo a nota, o país sofre com a
“escalada de violência e destruição dos recursos naturais que vemos também de norte a sul do Brasil, da Amazônia à Mata Atlântica: o discurso e as ações do governo federal fortalecem a permissividade de invasões ilegais para atividades clandestinas como o garimpo, que geram impactos ambientais praticamente irreversíveis nas áreas destinadas a preservar a natureza e o bem-estar de toda a sociedade”.
Parece que as entidades têm razão no apontamento que fazem.
Até o presente momento o governo não se manifestou sobre o ocorrido.
Até quando o Presidente Jair Bolsonaro vai esperar para repudiar esse tipo de atitude violenta sem rechaçar expressamente em rede nacional que não apoia esse tipo de situação?
Por enquanto, o que se vê é a omissão do governo e o aumento expressivo de todo tipo de crime ambiental, principalmente o avanço e aumento das áreas devastadas e queimadas na floresta amazônica, segundo dados do INPE, invasões ilegais de terras protegidas e indígenas, aumento do garimpo, madeireiras ilegais e grilagem de terras.
Até quando?
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Categorias: Ambiente, Informar-se
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