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O Observatório do Clima publicou ontem uma análise inédita sobre as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) no Brasil, considerando o período entre 1970 e 2013. O setor energético brasileiro quadruplicou seus níveis de GEE, chegando em 2013 a 29% das emissões totais brasileiras. Nenhum outro setor teve um crescimento tão acelerado e em níveis tão altos de emissão.
O documento pode ajudar o Brasil a se preparar para a conferência do clima em Paris, a COP 21, que será realizada em dezembro deste ano, dando recomendações para uma efetiva participação do nosso país no novo acordo climático global.
O Observatório do Clima – OC – é uma rede que reúne 37 entidades da sociedade civil e que tem o objetivo de discutir as mudanças climáticas no Brasil. Do seu recente documento emerge uma situação preocupante: se o Brasil quiser cumprir sua meta de reduzir suas emissões em até 2020, meta proposta em 2009, precisará conter com punhos fortes o desmatamento na Amazônia, além de investir em uma mudança na fonte energética.
Apesar de o desmatamento ter apresentado uma redução de 70% nos anos 1990, caindo para 35% em 2013, “as emissões ligadas à mudança do uso da terra atingiram seu valor mais baixo em 2012 (32%), mas, em 2013, voltaram a subir (para 35%). O principal motivo foi o aumento do desmatamento na Amazônia”, diz Tasso Azevedo, coordenador do SEEG, a plataforma de acesso aberto criada pelo Observatório do Clima, que levanta os dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa.
A mesma onda que vislumbrava uma diminuição nas emissões brasileiras, como no caso do desmatamento, se verificou no setor das fontes renováveis de energia que nos anos 90 chegou a superar 50%, mas caiu para 41% em 2013, conforme explicou André Ferreira, diretor-presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).
Desmatamento: respondeu por 35% do total dos GEE do Brasil em 2013.
Energia: em 2013 o setor representou 29% das emissões brasileiras.
O nosso setor agropecuário representa 27% do conjunto de emissões no Brasil, tendo crescido em 160% desde 1970. Os principais contribuintes são o metano emitido pelo gado e o uso de fertilizantes nitrogenados.
Indústria: representa 6% das emissões totais de 2013, puxadas pela siderurgia e a produção de cimento, segmentos que mais contribuíram para as emissões no último ano do estudo.
Resíduos: respondeu pela menor parcela das emissões no Brasil, com 3% do total em 2013.
Na agropecuária, “quando bem manejados, mesmo os pastos podem ajudar a neutralizar carbono, sem dizer que as técnicas acabam por proporcionar um crescimento considerável da produção”, explicou Marina Piatto, do Imaflora.
André Ferreira, diretor-presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), salienta que “a queda dessas emissões (na indústria) depende de aumentos da eficiência energética, inovações em processos, a exemplo do uso de carvão vegetal na siderurgia”.
Com relação aos resíduos: “para uma maior eficiência, é necessário universalizar o tratamento biológico de resíduos sólidos e esgoto no Brasil com o aproveitamento do biogás e dos materiais recicláveis”, assinalou Igor de Albuquerque, do Iclei, que coordenou o relatório analítico do setor.
Para Carlos Rittl, secretário-executivo do OC, o país deveria aproveitar as oportunidades e as vantagens únicas que uma economia de baixo carbono pode oferecer. “A governança que sustenta as políticas públicas brasileiras relacionadas às mudanças climáticas não é claramente estabelecida. O país ainda não possui um sistema claro de monitoramento e avaliação para todas as políticas públicas ou para o conjunto de iniciativas sobre mudanças do clima e de cada um dos planos setoriais”.
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Fonte foto: facebook.com
Categorias: Ambiente, Informar-se
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