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Na recente catástrofe causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul, onde rios transbordaram e um estado inteiro – mais de 80% das cidades – foi submerso na lama, vem uma pergunta quase que natural: de quem é a culpa? A pergunta vem porque, ao respondê-la, podemos responsabilizar os culpados e, sobretudo, evitar que outras catástrofes se sucedam.
Nesse contexto do “quem é o culpado pelas enchentes do RS?” surge uma culpa difusa e irresponsabilizável: a crise climática causada pelo homem. Em última análise: o homem.
Vamos separar o joio do trigo porque, de fato, podemos dizer que a culpa pela catástrofe é multifatorial: pode ser governos, políticos, pessoas, a natureza que sempre foi e continua sendo incontrolável, a crise climática, o aquecimento global.
É necessário, a esse ponto, conceitualizar as coisas, pois muita gente não sabe o que é aquecimento global, crise climática e apenas repetem nomes como papagaios.
O termo surgiu da necessidade de agrupar em um único conceito todas as consequências causadas pela intervenção do homem no planeta. Crise Climática é a crise causada pelo clima incerto, aquecido e desequilibrado da Terra.
Acredita-se que a Terra esteja aquecendo de maneira não natural, pois alguns cientistas atribuem o aumento da temperatura global após a revolução industrial. A indústria, o capitalismo, o aumento da produção de bens de consumo, o aumento da população sobre a Terra, todos esses fatores e mais alguns, estariam causando o aquecimento global através da emissão de gases de efeito estufa.
Trata-se de um fenômeno natural que ocorre quando gases específicos na atmosfera terrestre, conhecidos como gases de efeito estufa, capturam e retêm o calor do sol. Esses gases incluem o dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄), óxido nitroso (N₂O), clorofluorcarbonetos (CFCs) e vapor de água (H₂O). Eles atuam como uma capa que mantém parte do calor radiante da Terra, impedindo que ele escape de volta para o espaço e mantendo o planeta aquecido o suficiente para suportar a vida. Embora esse processo seja fundamental para a vida na Terra, o aumento na concentração desses gases devido às atividades humanas tem intensificado o efeito estufa, levando a um aumento da temperatura global, o que contribui para as mudanças climáticas.
Agora, com os termos mais ou menos claros, tem-se que o homem com sua indústria e seu crescimento demográfico, com seu capitalismo, consumiu os recursos naturais da Terra a ponto de o planeta se desestruturar, se desequilibrar, e de estar, por assim dizer, aquecido, com febre, doente.
Agora, voltemos ao Rio Grande do Sul…
Estão falando que a culpa é da crise climática, em última análise, do homem. Será que o homem não está se achando muito importante nessa história? Não está exagerando?
O homem sempre se achou o umbigo do mundo. Para falar de quem é a culpa pelas enchentes no Rio Grande do Sul, vou adentrar um pouquinho na psicanálise.
Você já ouviu falar em ferida narcísica? Pois o homem teria 3 feridas narcísicas em sua constituição social (mais que psíquica), segundo Freud.
Na obra “Uma Dificuldade no Caminho da Psicanálise” (1917), Freud aborda o conceito das três “feridas narcísicas da humanidade”. Ele faz uma analogia entre três grandes revoluções intelectuais que abalaram a autoimagem da humanidade:
Essas “feridas narcísicas” são chamadas assim porque abalaram a autoestima coletiva da humanidade ao desfazer ilusões sobre sua centralidade e importância no universo.
Voltando mais uma vez ao caso Rio Grande do Sul: o homem causou tudo isso?
Seguramente podemos dizer que houve negligência por parte dos políticos em prevenir o previsível. Falou-se em falta de manutenção das comportas para conter o rio Guaíba em caso de cheias; e de engavetamento de projetos que previam tragédias para a região. Agora, dizer que para além disso coexiste um fator chamado crise climática, causada pelo aquecimento global é colocar o homem no centro da Terra, só que dessa vez como um monstro, difuso e irresponsabilizável, pois a culpa seria de todos nós.
Veja bem: a Terra tem 4,5 bilhões de anos e há 300 mil anos o Homo sapiens apareceu por aqui. Junte a isso, 264 anos de “destruição” que vem sendo causada desde a Primeira Revolução Industrial (1760) até hoje.
Será que a crise climática é um narcisismo humano? Será que o homem está se achando o grande destruidor da Terra? Será que a sua pegada ecológica é assim tão colossal?
É só uma pergunta, não é uma briga, nem uma declaração, nem uma aposta, nem uma confirmação. É apenas uma provocação filosófica, psicanalítica, socialista e ecologista. Pensem nisso!
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Categorias: Ambiente
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