Soja + agrotóxico = extermínio de abelhas em cidades gaúchas


Agrotóxico, soja e abelhas. O que pode haver em comum entre esses elementos?

No Rio Grande do Sul, cerca de 80% das abelhas estão morrendo por causa do agrotóxico fipronil, usado na lavoura da soja.

Conforme informou o Canal Rural da UOL, a Câmara Setorial de Apicultura do estado registrou, nos últimos meses, o extermínio de colmeias em oito municípios gaúchos. O engenheiro agrônomo Aroni Sattler analisou, em 2018, 30 episódios registrados no Rio Grande do Sul. A análise concluiu que a ingestão ou o contato das abelhas com o inseticida fipronil – usado para proteger sementes de soja contra insetos – foi o responsável por exterminar os apiários.

Da equipe de Sattler, o biólogo Osmar Malaspina, que estuda abelhas há quatro décadas, diz que a utilização incorreta do produto é a causa do problema. Aldo Machado, coordenador da Câmara Setorial de Apicultura, também concorda com esse diagnóstico:

“É um problema que vem se agravando de dois anos para cá, e não tem ninguém fiscalizando. O Ministério Público não está se mexendo, o governo também não”.

O uso incorreto está sendo feito na fase da floração das culturas de soja, que são visitadas pelas abelhas.

“O produto mata por contato e ingestão. Qualquer outro inseto que encoste nessa abelha morre também”, explica Machado.

Quem está pagando a conta é o apicultor, já que o prejuízo por colmeia é de R$ 810.

Fipronil

O fipronil é um inseticida usado de forma ampla na agricultura por controlar várias pragas ao mesmo tempo. O pesquisador da Embrapa Samuel Roggia explica que “ele apresenta um efeito residual no ambiente um pouco mais longo do que outros produtos, mas é bastante seguro contra seres humanos e animais de sangue quente”. Por isso, é bastante utilizado como ingrediente de inseticida para uso doméstico. Na cultura da soja, o fipronil é aplicado para controlar insetos nas fases anteriores à floração.

No Reino Unido, pesquisas apontam que esse inseticida foi responsável pela morte de milhares de abelhas de 1994 a 1998, na França. Em 2017, a União Europeia proibiu o seu uso.

O problema da proibição do produto no Brasil, na opinião de Malaspina, é o clima brasileiro. Na Europa, há frio intenso por muitos meses, o que naturalmente extermina as pragas. No nosso clima tropical, elas estão presentes durante todo o ano. A solução seria, então, conscientizar os agricultores sobre o problema do uso do fipronil, que acarreta a morte desses polinizadores. Haveria outras opções que não impactam a vida desses animais e a nossa, a longo prazo.

Sem as abelhas a segurança alimentar corre sério risco!

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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