Maior produtividade na agricultura usando resíduos do tratamento do esgoto


A escassez de água no Brasil alimentou o debate sobre o combate ao desperdício, o desmatamento e outros assuntos correlatos. Desta vez o alvo é o tratamento de esgoto. Aqui em pesquisa feita pelo Núcleo de Pesquisa em Geoquímica e Geofísica da Litosfera (Nupegel) da USP, em Lins e Piracicaba, sobre irrigação de solos agrícolas utilizando os resíduos do tratamento de esgoto.

Este novo estudo apresenta uma técnica com três resultados principais, a economia de água e de fertilizantes minerais nitrogenados; evita o descarte de águas residuárias do tratamento de esgoto diretamente em rios; e aumenta a produtividade das culturas irrigadas com esses efluentes.

O último tópico é o que chama mais a atenção. E foi comprovado na prática. Um experimento com a técnica aumentou em 60% a produção de cana-de-açúcar com relação à média de produção do estado de São Paulo sem irrigação, enquanto que na cultura de capim, foi possível economizar entre 32% a 81% da fertilização nitrogenada mineral no ano mais chuvoso (menos irrigação) e mais seco, respectivamente.

O professor Adolpho Melfi, responsável pela pesquisa e o coordenador do Nupegel, avalia os resultados: “Em todos os casos, a irrigação com efluente aumentou [o rendimento da cultura] em relação àquele sem irrigação ou mesmo com irrigação com água”.

Este estudo é fundamental para a economia de água potável, já que o setor agrícola é responsável pelo uso de até 70% de toda água consumida no Brasil, segundo números da Agência Nacional de Águas (ANA) e o aumento constante do agronegócio é uma ameaça à saúde dos mananciais em períodos de seca.

O projeto Nupegel utilizou dois processos biológicos para tratar esgoto e utilizar na irrigação: o primeiro, por lagoas de estabilização, no qual os esgotos são degradados por bactérias e utilizando energia solar e no segundo tratamento, chamado de Sistema de Reatores Anaeróbios de Fluxo Ascendente com Manta de Iodo (UASB), também são utilizadas bactérias, no entanto, o esgoto é tratado em reatores que movidos a energia elétrica. 

Para se tornar uma realidade, a técnica precisa de regulação devida no Brasil, país ainda principiante neste ambiente, diferente de Israel, Austrália e Estados Unidos. Lá os estudos sobre impacto no solo, nas plantas, na água e na atmosfera já estão adiantados e por isso há uma legislação vigente. Algo que ainda precisa ser feito no Brasil para funcionar corretamente. 

Somente depois dos estudos a técnica pode ser regulamentada e implantada por aqui.

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Fonte foto: wikipedia.org




Redação greenMe

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