Segundo Human Rights Watch, governo brasileiro ‘encoraja’ violência na Amazônia


No relatório que acaba de divulgar, a Human Rights Watch, uma das organizações de maior prestígio internacional quando o assunto é direitos humanos, denuncia o aumento da violência na região amazônica, “encorajada”, segundo a instituição, pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

Em reportagem publicada nesta terça-feira (17), o jornal O Globo fez um apanhado do documento elaborado pela HRW, intitulado “Máfias do pê: como a violência e a impunidade impulsionam o desmatamento na Amazônia brasileira”.

Para a elaboração do relatório, a organização ouviu mais de 170 pessoas, entre elas 60 membros de povos indígenas, moradores dos estados do Maranhão, Pará e Rondônia e dezenas de servidores públicos em Brasília e na região amazônica.

Embora os casos de violência na região venham de longa data, como admitiu o próprio diretor de direitos humanos e meio ambiente da Human Rights Watch, Daniel Wilkinson, o dado novo seria o posicionamento do governo brasileiro:

“Os problemas que esse documento mostra não são novos, a maioria dos casos de violência é de antes desse ano. O que é novo é que, pela primeira vez, o governo e seu presidente são abertamente hostis a quem tenta preservar a floresta. Ele manda uma mensagem que encoraja essas pessoas de uma forma muito perigosa — afirmou Wilkinson ao Globo.

A impunidade no Brasil atinge a toda a sociedade, mas, no caso dos crimes ambientais, o fracasso do governo em punir aqueles que desrespeitam a legislação ambiental traz impactos negativos inclusive para a economia que tanto buscam privilegiar em detrimento de vidas humanas. O mercado internacional vêm sinalizando que não se dispõe a aceitar produtos brasileiros que tragam a marca do desmatamento do desrespeito aos povos tradicionais, como já falamos por aqui:

Além disso, ao faltar com a devida proteção aos defensores da floresta (indígenas sobretudo), o governo põe em cheque seu compromisso mundial com o combate às mudanças climáticas. 

O Brasil é apontado como um dos países mais perigosos para os ativistas que defendem o planeta. A dificuldade nas investigações onde operam as “máfias” – que se utilizam da violência e da intimidação para eliminar aqueles que cruzam o seu caminho – aliada à impunidade, agrava ainda mais o quadro.

Os casos não são solucionados. Os promotores colocam a culpa na polícia. A polícia coloca a culpa na distância. A distância pode realmente complicar, mas não torna impossível: alguns casos aconteciam em cidades, nada distantes de delegais policiais. De qualquer forma, raramente são feitas investigações sérias e prisões — completou Wilkinson.

Para que esse “faroeste brasileiro” tivesse um fim, não poderia se fazer qualquer tipo de concessão a ações ilegais que operam na Amazônia, muito menos incentivá-las. E isso seria bom para todos: para a floresta, para os povos que nela habitam, para a economia e, inclusive, para os próprios ruralistas. Só não seria bom para os exploradores ilegais de uma terra que pertence a todo povo brasileiro.

Leia AQUI o documento da HRW na íntegra.

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Fonte foto: Brent Stirton/Human Rights Watch




Gisele Maia

Jornalista e mestre em Ciência da Religião. Tem 18 anos de experiência em produção de conteúdo multimídia. Coordenou diversos projetos de Educação, Meio Ambiente e Divulgação Científica.


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