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O plástico é um material invasor: está em todos os lugares onde pousamos os nossos olhos. É utilizado de tantas formas diferentes que hoje é praticamente impossível pensarmos as nossas vidas sem ele. Infelizmente esse material está mostrando suas caras somente agora. Demorando tanto tempo para se decompor, o plástico não apenas mata os animais marinhos, mas hoje já se sabe que ele está presente no no sal de cozinha, ou seja na comida que comemos, e até no ar que respiramos. É urgente acabar com essa praga antes que ela acabe com a gente.
Entretanto, existem maneiras alternativas de, paulatinamente, o plástico ser substituído por outros tipos de materiais, como vem ocorrendo com o canudo, um objeto ademais, inútil, que poderia facilmente ser banido da face da Terra juntamente com copos, pratos e talheres de plástico, além de todo tipo de plástico descartável. E isso, felizmente, já está acontecendo no Brasil e no mundo. Mas é preciso acelerar esse processo.
Muitas cidades brasileiras, sobretudo as turísticas, já promulgaram leis proibindo a comercialização e o uso de canudos plásticos. O Rio de Janeiro foi a primeira grande cidade brasileira a tomar essa iniciativa, que já foi seguida, também, por Santos, no litoral paulista.
Muitas pesquisas têm sido feitas no Brasil para desenvolver matérias-primas naturais na substituição do canudo plástico. Quando uma pesquisa de cunho social acompanhada da ação política ganha corpo, quem ganha é toda a sociedade.
Atitudes individuais também devem ser promovidas, como vem ocorrendo em Belém, capital paraense, onde o vendedor de coco Said Trindade criou canudos feitos de bambu. O produto é fabricado artesanalmente e pode, após o uso, ser usado como adubo.
A novidade sustentável gerou um aumento de 60% na venda de cocos na barraca de Said.
“Eu pensei no canudinho de bambu num momento de desespero. Eu trabalho vendendo coco aqui na praça há mais de 30 anos. Eu só sei vender coco, não sei fazer mais nada e estava preocupado com a possível proibição dos canudinhos de plástico, como acontece em outras cidades. Nesse momento eu me lembrei do bambu. Eu sou de Concórdia do Pará e lá tem muito bambu”, relata o vendedor.
Através das redes sociais, a novidade foi alcançando mais clientes, que replicam a boa ideia em suas próprias redes. A repercussão fez com que a barraca de Said ficasse famosa na cidade e, dessa forma, as vendas crescerem mesmo na baixa temporada.
Said conta que, quando começou a fabricar os canudos, não houve muito impacto entre a clientela,
“até que veio uma cliente aqui, gostou da ideia e postou nas redes sociais. No dia seguinte o canudo já era um sucesso. Em menos de seis horas, todos os canudos que eu tinha terminaram. Por conta disso, voltei pro interior e produzi mais canudos. Minhas vendas cresceram em 60% justo no período de chuvas aqui na região, quando eu vendo menos coco”, comemora o vendedor.
Segundo o produtor, é bastante simples a fabricação do canudo, que começa com o corte do bambu, que passa por um processo de higienização. Toda a fabricação é caseira.
Said explica que corta a junta do bambu em dois lugares, que é dispensada até que apareça o canudo. Depois, ele escalda os canudos, que são colocados em álcool e lavados com água e sabão, para, ao final, serem lixados, antes de irem para a barraca.
A vantagem do canudo de bambu é que ele é ainda reutilizável. O cliente pode levar o seu canudo como presente, mas os que ficam na barraca, após o consumo do coco, são transformados em adubo no sítio de Said, que garante:
“Nós jamais lavamos os canudos. Eu acho que lavar o canudinho é muita falta de higiene. O canudo é uma coisa individual e descartável. Uma barraca que vende vários cocos por dia não pode fazer isso. Nós costumamos dar os canudos para os clientes. Os que sobrarem nós vamos guardar, triturar e transformar em adubo para o meu terreno em Concórdia. A nossa intenção é levar o mínimo de canudos para o lixo”.
Os canudos de bambu não apenas incrementaram as vendas de Said como lhe renderam um convite da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) para palestrar sobre a invenção. Ele também já está comercializando os canudos para outras barracas.
“A procura pelo canudo é muito grande, e as outras barracas se sentem pressionadas a fazer algo parecido. Eu vou aproveitar isso é deixar a praça mais sustentável. Vou cobrar um valor simbólico de cada barraca para a produção do canudo, só envolvendo a mão de obra. Futuramente eu penso em vender para outras empresas fora da praça”, entusiasma-se Said.
Além do ganho financeiro e do reconhecimento por sua criatividade e iniciativa, Said está fazendo um bem enorme ao meio ambiente. A sua invenção faz com que 8 mil canudos deixem de ir para o lixo mensalmente, somente na barraca dele.
Said é consciente do seu trabalho e, certeiro, diz que:
“Um pouco que a gente faça já ajuda em muito a natureza”.
E é verdade, já que o plástico polui mares e oceanos e asfixia vários animais. Toda uma cadeia alimentar é vítima dos plásticos que contaminam a água: o peixe e outros animais comem, engasgam-se, enroscam-se no plástico ou no plástico em decomposição (microplástico).
As consequências disso, para além da morte desses animais, é a própria poluição das águas… do sal marinho, dos alimentos que comemos e até do ar que respiramos.
Que mais iniciativas como a de Said se espalhem pelo Brasil!
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