Em seu programa de governo se prevê a saída do país do Acordo de Paris; a promessa de cancelar qualquer tipo de lei favorável aos índios; a abolição do Ministério do Meio Ambiente e a aprovação de uma rodovia que cruzará a Floresta Amazônica. Daqui a uma semana, se votará no segundo turno das eleições presidenciais no Brasil e o candidato da extrema direita Jair Bolsonaro é o favorito nas pesquisas: essa não é uma boa notícia para o meio ambiente.
Suas idéias anti-ambientalistas nunca estiveram escondidas. Não é coincidência que mineiros, madeireiros e grileiros o apóiem. Ele promete uma gestão cruel da Amazônia, a extinção de qualquer tipo de proteção aos índios e às suas terras ancestrais que, digamos, já se encontram em situação de bastante vulnerabilidade, como afirmou Sonia Guajajara.
Bolsonaro, que o apelido de Trump tropical, pretende abrir minas e áreas comerciais em terras indígenas, forjar alianças com as multinacionais, proibir ONGs ambientalistas e liberar geral as terras para exploração pecuária. O candidato também é já bem conhecido na imprensa estrangeira por suas idéias homofóbicas, racistas e antifeministas.
Quem pagaria as consequências de sua política, se ele fosse eleito, seria especialmente os índios que, segundo Bolsonaro, deveriam “adaptar-se, curvar-se à maioria ou simplesmente desaparecer”. Suas falas, como por exemplo a declaração de que “se eu assumir, índio não terá mais 1cm de terra”, são tão absurdas que muitas delas são encontradas na web como fakenews ou o próprio candidato tentou se retratar como quando negou ter-se declarado a favor da tortura como método investigativo.
O receio é que sua vitória abra caminho livre e irrestrito para as multinacionais conseguirem administrar terras indígenas ancestrais como bem quiserem, destruindo a floresta e a biodiversidade tão rica e peculiar brasileira, apesar da proteção dos povos indígenas na Constituição.
Com o fim do Ministério do Meio Ambiente, ou com a sua incorporação ao Ministério da Agricultura, ficará difícil, senão impossível, controlar a extração ilegal e o desmatamento.
Em suma, a vitória de Bolsonaro se mostra como promessa de páginas sombrias para o nosso livro de história, e um péssimo retrocesso em termos de direitos humanos e ambientais, sem falar na dúvida que paira no ar sobre sua capacidade como gestor público.
Mas a decisão entre um ou outro candidato é difícil. Eduardo Jorge, ex-candidato à presidência pelo Partido Verde, declarou voto nulo neste segundo turno, enquanto sua vice, Marina Silva, apoia Fernando Haddad ainda que com muitas críticas a este candidato. Ao que parece, uma gestão verde dos nossos recursos parece estar verdadeiramente fora de pauta. Uma pena!
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Categorias: Informar-se, Povos da Floresta
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