Estudo brasileiro indica extinção de polinizadores e de cultivos como goiaba, acerola, urucum, girassol e tomate


As mudanças climáticas, e não só, são as responsáveis pela extinção dos polinizadores. Claro que os inseticidas também o são mas, veja bem, mesmo em caso de culturas orgânicas, a ampliação dos extremos de temperaturas mata esses bichinhos tão importantes para nossas vidas e alimentação.

Um estudo realizado por pesquisadores da Politécnica da USP – “Projected climate change threatens pollinators and crop production in Brazil” – avaliou diferentes cenários para 13 culturas alimentícias, em todo o país e, chegou à conclusão de que, conforme a realidade climática vem se apresentando, estaremos fadados a uma significativa insegurança alimentar dentro de poucos anos.

O ESTUDO E SEUS RESULTADOS

O estudo avaliou as condições de sobrevivência de 95 polinizadores e de 13 culturas agrícolas que são dependentes da polinização.

A conclusão é drástica: em 90% dos 4.975 municípios avaliados, as perdas de espécies polinizadoras, nos próximos 30 anos, serão significativas e afetarão a produção alimentar.

A média nacional de perda atingirá 13% mas, em algumas regiões e culturas, poderá atingir até 100%.

AS 13 CULTURAS AGRÍCOLAS ESTUDADAS

Foram escolhidas culturas com diferentes graus de comprometimento, quer dizer, mais ou menos dependentes da polinização.

Algumas destas não sobrevivem sem a ajuda dos polinizadores, outras podem sofrer quedas significativas na produção, deformação dos frutos, menor qualidade, por uma polinização deficiente e outras participam da alimentação desses polinizadores apesar de não serem tão dependentes.

Quer dizer, mesmo as culturas que sobrevivirão sem os polinizadores, têm uma função importante na vida desses bichinhos e na produção daquelas que são polinizador-dependentes.

Veja o grau de dependência das culturas aos polinizadores:

● A polinização é essencial: acerola, urucum e maracujá;

● Muito dependentes da polinização: abacate, goiaba, girassol e tomate;

● Modestamente dependentes: coco, café e algodão;

● Pouco dependentes: feijão, tangerina e caqui.

O grau de dependência da ação do polinizador animal é função do formato da flor – em alguns casos, o vento funciona como polinizador efetivo. Em outros casos o polinizador precisa carregar o grão de pólen de uma flor para outra

IMPACTOS ESPERADOS

Serão mais afetados os municípios mais pobres e os impactos sociais e econômicos serão muito grandes, afirmou a pesquisadora, bióloga Tereza Cristina Giannini

“É importante ressaltar as seguintes descobertas: primeiro, as perdas maiores afetam municípios com baixo PIB, o que pode impactar ainda mais os níveis de pobreza dessas regiões; e segundo, ao mesmo tempo [e em menor grau], elas afetam também um grupo de municípios muito rico, com valores de PIB muito altos que podem ser potencialmente reduzidos pelas perdas de polinizadores”.

“Não se trata de entender apenas como as mudanças climáticas afetarão os polinizadores, mas como elas poderão impactar diretamente as culturas polinizadas e a produção agrícola, e os efeitos econômicos disso – algo que tem uma importância social grande. Esses resultados podem ser apresentados para tomadores de decisão e produtores e a metodologia tem potencial para tornar-se uma ferramenta de políticas públicas.”

ESPÉCIES EM MAIORES RISCOS

Dentre as espécies animais polinizadoras as que se encontram em maior risco de extinção, por conta das variações de temperatura, são as seguintes:

● abelhas sem ferrão do gênero Melipona e a Tetragonisca angustula (chamada de jataí);

● as espécies do gênero Bombus e Xylocopa (as mamangavas);

● e as abelhas do gênero Centris (abelhas de óleo).

Abaixo dois vídeos desta notícia e leia também: PLANTAS QUE ATRAEM ABELHAS – A LISTA




Redação greenMe

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