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Bahserikowi’i é o nome do Centro de Medicina Indígena da Amazônia que foi inaugurado no passado 6 de junho. Este é um local de tratamento médico onde atendem pajés do povo Tukano e Tuyuka, sob a coordenação de João Paulo Barreto Tukano, doutorando em Antropologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
O centro de medicina, cujo nome sonoro, Bahserikowi’i, quer dizer “o espaço onde se constrói o tratamento, a fonte do tratamento” funciona em Manaus, em uma casa da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira e atende indígenas e não indígenas, por um valor simbólico de R$ 10 cada consulta.
Como diz João Paulo Barreto, o objetivo é possibilitar a todos, sem distinção de origem, o acesso aos conhecimentos medicinais ancestrais de diversas etnias indígenas da Amazônia:
“Nós não vamos te receber pintados ou de cocar. O que estamos mostrando é o nosso conhecimento.” Tampouco trata-se de um resgate cultural ou uma volta aos valores tradicionais, já que “o conhecimento” não se perdeu: ele sempre foi exercido, garante o coordenador”.
A cura se dá por meio de bahsese, palavra que, segundo o Tukano, significa benzimento: “Vocês estão falando de ciência, nós de conhecimento”, explica Paulinho.
No início deste projeto a ideia foi de criar o centro de medicina indígena na própria aldeia do coordenador mas, como ele mesmo diz em entrevista ao InfoAmazonia, percebeu que ficaria muito local, que não teria muita repercussão – e um dos seus objetivos era, justamente, expandir, repercutir, para que se tornasse conhecida a medicina indígena com sua diferenciada capacidade curativa (ainda não reconhecida pela medicina tradicional, claro).
“Fui conseguindo convencer alguns professores de que eles deveriam deslocar este conceito, que se trata de xamanismo, magia, religião para uma outra lógica, a nossa lógica”, explica Paulinho.
Outro fator diferenciado é que, neste centro médico o atendimento é bem diferente do que estamos acostumados – o objetivo da medicina indígena é te orientar na cura e não ficar dando receita:
“Um atendimento que é tratamento mesmo: não é ficar dando receita para a pessoa ir se tratar em casa. Aqui, se você está doente, você vem se tratar, não buscar receita”.
No mesmo local, e como parte do projeto, são oferecidos cursos diversos: “línguas indígenas. Tukano, Baniwá, Tikuna, Sateré… Cosmologia indígena – porque, para entender o conhecimento, você tem que entender a cosmologia em que estão fundamentadas estas práticas.
Oficinas variadas: de gastronomia, de artesanato…E um outro programa que vai ser focado nas atividades econômicas, como o artesanato, priorizando comprar dos artesãos diretamente na aldeia.
Aqui mais informações sobre o BAHSERIKOWI´I – Centro de Medicina Indígena da Amazônia em reportagem da Amazônia Real.
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Fonte foto: Kumu Duhpó Manoel Lima, etnia Tuyuka, foto de Alberto César Araújo/Amazônia Real
Categorias: Informar-se, Povos da Floresta
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