Sobre as novas leis do trabalho rural e o total desrespeito ao ser humano que o executa


Você soube dessa nova proposta de alteração das leis do trabalho no meio rural? Como bem diz Eliane Brum é tal e qual se, daqui há pouco, fosse revogada oficialmente a Lei Áurea que abolia a escravidão em terras brasileiras.

As mudanças que os ruralistas querem impor no campo

A total desconsideração pelo ser humano, aquele que com a força dos seus braços executa as tarefas fundamentais para que o campo produza o alimento de todos nós, chega ao cúmulo de propor que aqueles que trabalham no campo o façam de sol-a-sol, sem férias em tempos de interesse ao patrão, sem receber salário em dinheiro, sem repouso semanal, enfim, que sejam escravos trabalhando pelo comer, vestir e morar.

Parem 5 minutos e leiam a proposta

A proposta de alteração das leis do trabalho no campo é do deputado estadual Nilson Leitão, do Mato Grosso do Sul, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Os principais itens propostos em forma resumida, seguem abaixo:

1. Os trabalhadores podem ser pagos mediante “remuneração de qualquer espécie” e não apenas por salário. Isso significa que as pessoas podem voltar a trabalhar por casa e comida – e isso dentro da lei;

2. Aumento de até 12 horas da jornada diária, por “motivos de força maior”;

3. O repouso semanal dos trabalhadores pode ser substituído por um período contínuo de até 18 dias de trabalho seguidos;

4. Passa a ser possível a venda integral das férias no caso de trabalhadores que morem no emprego.

Pare e pense, sim, mesmo que você não seja um trabalhador rural

Afinal, recordando um poema muito conhecido de todos – sobre a indiferença – por uns atribuido a Brecht e por outros a Maiakowski mas que, na origem, faz parte de um sermão de Martin Niemöller, um protestante luterano, alemão, preso pela Gestapo.

E não sobrou ninguém que nos chame à realidade de que somos todos interessados, ou deveríamos ser, na defesa dos direitos legítimos – humanos, trabalhistas, ambientais – de vida pois afinal, somos todos dependentes dos mesmos, certo?

“E não sobrou ninguém

Primeiro, eles vieram buscar os socialistas e comunistas;

Não falei nada, pois não era comunista nem socialista;

Depois, vieram buscar os judeus;

Nada falei, pois não era judeu;

Em seguida, foi a vez dos operários, membros dos sindicatos;

Continuei em silêncio, pois não era sindicalista;

Mais tarde, levaram os católicos, e nem uma palavra pronunciei, pois sou protestante;

Agora, eles vieram me buscar, e quando isso aconteceu, não havia ninguém para falar.

(Martin Niemöller – alemão – pastor luterano – 1892-1984)

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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