Grilagem de terras indígenas: índios Uru-Eu-Wau-Wau investigam e denunciam a situação


Grilagem de terra é roubo, crime segundo o nosso código penal. Grilagem de terra indígena é duplamente crime pois, além do uso de documentação falsa para apropriação de território (e até de armas e terror, para expulsar os legítimos ocupantes) ocorre a alteração radical de áreas de preservação ambiental importantes para as comunidades tradicionais.

Com este panorama os “índios Uru-Eu-Wau-Wau decidiram investigar a grilagem de terra no território indígena sozinhos, depois de esperar por quatro meses por uma ação da Polícia Federal, da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério Público Federal (MPF) para expulsar os cerca de 5.000 invasores da reserva indígena, que fica no sul de Rondônia”.

A terra indígena dos Uru-Eu-Wau-Wau vem sendo loteada no município de Monte Negro (250 km de Porto Velho e 35 km da aldeia Alto Jamari). Nesta área foram localizados 5 mil grileiros, madeireiros interessados nas árvores de derrubada que possam existir na mata amazônica (o que também é proibido, diga-se de passagem).

Os Uru-Eu-Wau-Wau denunciaram a situação de grilagem à Funai e a Polícia Federal porém, até o momento não receberam apoio preliminar e eficiente – o tempo urge pois, depois da mata derrubada e queimada, a recuperação é difícil e lenta.

A reportagem do Amazônia Real conversou com Mainá Uru-Eu-Wau-Wau, da aldeia Jamari, e acompanha esta ocorrência de perto.

Segundo averiguou o Amazônia Real, “os grileiros (pessoas que tomam posse de terras ilegalmente) abriram lotes de 100 hectares dentro da reserva indígena e passaram a comercializá-los por até R$ 20 mil com os invasores. Garimpeiros e pescadores também invadiram a reserva”.

Este caso, dentre vários, é exemplo da situação de guerra real que sofrem as comunidades indígenas brasileiras pela pressão do agronegócio, do garimpo e das madeireiras. Quem está por trás desta pressão imensa? O capital, é claro, que empurra outros pobres – garimpeiros e madeireiros – à grilagem de terra alheia. São estes os “ponta de lança” que destruirão nossa floresta, nossas águas e biodiversidade para que outros, não eles, tenham o lucro fácil do depauperamento ambiental.

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Fonte foto capa: CIMI




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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