Tocha olímpica brasileira: união e amizade entre os povos


A chama olímpica é o importante, a tocha é só o seu veículo. Mais importante ainda é o repasse, o passar de mão em mão, entre pessoas escolhidas pelo povo. E o significado dessa “estafeta” de ideais. O fogo do Olimpo, que acende a tocha, é o fogo da união de todos os povos (agora é).

A simbologia da chama olímpica que é transportada pela tocha é antiga – data dos Jogos Olímpicos de Berlín, 1936. A data te lembra algo? Sim, nazismo. Sim, pouco tempo antes do começo da II Guerra Mundial. Sim, judeus expurgados. Pois é.

O nazismo tentou, e usou, os jogos olímpicos, de forma midiática para divulgação do arianismo – e um negro ganhou a corrida de atletismo, Jesse Owens – negro!

Também eram negros os atletas norte-americanos que conquistaram a maioria das medalhas do atletismo, a modalidade mais importante dos Jogos, liderados por Jesse Owens. Mas os atletas alemães, arianos, ganharam montão, 33 medalhas de ouro.

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A primeira tocha olímpica, em Berlim, 1936

Olimpíadas 2016, o caminho da chama olímpica

Foi em Brasília, no dia 3 de maio, começou a peregrinação da tocha olímpica pelo nosso país, e assim andará, percorrendo caminhos nas mãos dos tocheiros, passando por 327 cidades até a abertura dos jogos no Rio de Janeiro, no dia 5 de agosto. Por todas as regiões e capitais brasileiras a tocha passará e, no seu caminho, por uma infinidade de pequenas cidades.

A simbologia da amizade e união entre os povos

A chama olímpica foi acesa no dia 21 de abril, em frente ao Templo de Hera, nas ruínas da cidade grega de Olímpia, a partir de raios solares, seguindo um ritual que usa uma espécie de espelho côncavo, chamado skaphia. De aí percorreu cidades gregas e foi para Genebra. De lá, para o Brasil, para alimentar a primeira Tocha Olímpica Rio 2016.

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E assim, esse símbolo da amizade entre os povos reune 12 mil pessoas, os que o portarão, em nome de todos nós.

É significativo que refugiados e estrangeiros, imigrantes em outras terras, gente famosa, gente simples, esportistas, cantores, o velho que sobreviveu, a menina que não anda, a velhinha em cadeira de rodas motorizada, o indígena, o cacique, o professor que luta contra a seca enfim, gente de todo tipo, etnia e origem, serão os portadores do fogo olímpico pelo Brasil à fora.

É o caso do haitiano Abdias Dolce, que se refugiou em Manaus em 2011 e quem representará os milhares de haitianos que se refugiaram no Brasil após o terremoto que devastou seu país.

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Abdias Dolce, do Haiti, refugiado, portador da nossa tocha em Manaus

Ou da etnia Dessana, do interior do Amazonas, que receberam a tocha olímpica na comunidade São João do Tupé na segunda-feira (20). O pajé Kissibi Cumu que recebeu a Tocha disse que ficou muito honrado por receber o fogo olímpico. “Eu tenho uma honra de receber a Tocha e eu sempre vejo na TV e agora vi ao vivo. Para mim, a Tocha veio para trazer paz. Eu sou da tribo Dessana, o sol é o nosso símbolo e a Tocha me cabe muito bem”, disse. O fogo olímpico ficou aceso em frente à oca onde ocorreu o ritual de boas vindas.

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Tocha olímpica nas mãos do pajé Kissibi Cumu, dos Dessana

Ou a menina síria, Hanan Khaled Daqqah, que carregou a Tocha Olímpica no Glicério, em São Paulo e que declarou ter sido este “o maior presente de sua vida”.

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Hanan Khaled Daqqah, que carregou a tocha na cidade de São Paulo

Ou o brasileiro Artur Moreira, imigrante em Newark, escolhido por Itabira, Minas Gerais, para carregar a tocha olímpica no Brasil e que declarou que “Isso para mim vale muito; ainda mais pelo momento em que o país vive. Isso ficará na história”

Em Caruaru, ao som da canção A vida do viajante de Luis Gonzaga, cantada “a plenos pulmões” pelo povo da cidade, caminhou a tocha olímpica 2016 e a amizade brasileira em toda a sua diversidade. “Minha vida é andar por este país”, a canção de Luiz Gonzaga que cantava para transmitir a seu filho, Gonzaguinha, a herança cultural que o velho Luiz deixou para o Brasil.

Um hino ao retirante nordestino que abandona o sertão, onde há seca, fome e morte, em busca de uma vida melhor. Assim também, a vida de todo refugiado, retirante de guerras, fome, perseguições, em busca de “um lugar ao sol onde possa viver em paz”.

Ou no Piauí, na pequena cidade Vila Nova do Piauí, onde seus pouco mais de 3 mil habitantes escolheram um médico cubano, participante do programa Mais Médicos, como portador da tocha representando o “zeramento” da mortalidade materno-infantil no município, fato anunciado em janeiro deste ano pela médica Olívia Rodríguez Gonzalez e seu colega Omar Diaz: “há um ano não registramos nenhuma morte de criança e de gestante. Estamos sem mortalidade materna e infantil’.

Ou o indígena Kamukaiká Lappa, do Xingu, que foi um dos escolhidos para carregar a Tocha Olímpica hoje (3) em Brasília. Kamukaiká Lappa, atleta da etnia Yawalapíti, deu uma “volta olímpica” no Memorial dos Povos Indígenas, na região central da capital (DF). Antes do seu percorrido, que foi ensaiado pelo indígena com muita seriedade, ele disse:

“Estou muito ansioso porque a hora está chegando. Amanhã será a hora de representar todos os indígenas do Brasil. Jogos Olímpicos são democracia, ajudam a promover e celebrar a paz”. Nossa participação nesse revezamento é importante para lembrar o respeito à natureza e à diversidade cultural. É o que a gente precisa no mundo indígena. Agora que eu vou conduzir a tocha para eles, espero que eles acreditem em nós”, disse Kamukaiká.

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Na foto o atleta indígenaensaia para levar a Tocha Olímpica no trajeto interno do Memorial dos Povos Indígenas

Ou o professor que luta contra a seca, de Massapé, Ceara, que vibra ao ser portador da tocha. Ou, na Paraíba, Helio Alefat que, com sua unica perna, porta a nossa tocha.

Lembrando os versos de Geraldo Vandré, “caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais, braços dados ou não…” e de Antonio Machado, “caminante, no hay camino, se hace camino al andar” quero aqui homenagear a todos os 12 mil que nos representaram e ainda nos representarão nesta caminhada de unidade, amizade, solidariedade, rumo à democracia. E agradecer. Nós somos gratos pela vossa representação.

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Redação greenMe

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