Crianças e adolescentes estão entre os mais contaminados pelo uso de agrotóxicos na lavoura


O Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), em estudo realizado com dados do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no período de 2007 a 2014, afirma que são as crianças, de 0 a 14 anos os mais afetados por intoxicação por agrotóxicos. Dentre os casos notificados no país, 2.150 correspondem a esta faixa etária, dado este que pode estar defasado da realidade em 50 vezes mais pois, para cada caso notificado existem mais 50 que não o foram em um serviço de saúde.

Este trabalho, inédito, foi apresentado pela professora Larissa Mies Bombardi, da Geografia da USP, durante o seminário “Impacto dos Agrotóxicos na Vida e no Trabalho”, que ocorreu na Câmara de Vereadores de São Paulo no dia 2 de agosto passado.

O seminário foi promovido pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida e, pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, entre outros organismos que lutam pela proibição de agrotóxicos e sementes transgênicas no Brasil. O evento integrou a programação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e gerou o Dossiê Impactos dos Agrotóxicos na Saúde, atualizado com os dados referidos.

Larissa contou que só entre 1999 e 2009 foram registrados 62 mil casos de intoxicação por agrotóxicos no Brasil, dado constante do Sistema Nacional de Informações Toxicológicas (Sinitox) da Fiocruz.

“São 5.600 intoxicações por ano, 15,5 por dia, uma a cada 90 minutos. Nesse período houve 25 mil tentativas de suicídio com uso de agrotóxico. O dado é alarmante, representando 2.300 casos por ano. São seis por dia”, afirmou a professora em sua palestra.

A contaminação de crianças, segundo conta o presidente do Consórcio de Segurança Alimentar do Sudoeste Paulista e dirigente da Federação da Agricultura Familiar de São Paulo, José Vicente Felizardo, se deve a que estas são expostas aos agrotóxicos nas lavouras de tomate, quando acompanham suas mães na colheita. Muitas mães, por não terem outra opção, levam seus bebês para o campo e os deixam na sombra das plantas e quando o tomate é pulverizado, a criança também recebe sua quota parte. Crianças maiores, entre 5 e 14 anos, também são intoxicadas quando manuseiam agrotóxicos (“temperar a calda”, tarefa de crianças nessa época) ajudando o trabalho dos pais. Esta situação era comum até 2000 devido às dificuldades dos pais e a necessidade premente de trabalho.

Desde 2009, o Brasil lidera o consumo mundial de agrotóxicos com a utilização de um quinto de todo o produto que é produzido no mundo. Este dado se deve à poderosa propaganda midiática desenvolvida pela Monsanto junto aos agricultores.

Essa realidade tem que ser mudada. É urgente!

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Fonte foto: fotospublicas.com




Redação greenMe

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