Água em SP: vai ter ou não?


O governador Geraldo Alckmin passou o ano de 2014 inteiro garantindo que não faltaria água, mas algum tempo depois, muitas cidades e bairros do estado de São Paulo sofreram, e ainda sofrem, com a escassez de água e com a “diminuição da vazão de água” para controle da Sabesp, nova denominação para rodízio de água, também negado pelo governo. Nos meses de fevereiro e março deste ano, quando as chuvas, finalmente, retornaram com força, foi como torcida por gol da Seleção Brasileira em Copa do Mundo para cada milímetro que os reservatórios atingiam, mas agora a época de chuvas acabou e a pergunta que fica é: “vai ter água ou não?

Mas existe muito mais por trás da história a respeito se haverá água suficiente ou não para abastecer São Paulo. “O que aparentemente ainda não se percebeu, no entanto, é que não se trata apenas de um problema de encher e esvaziar. Nosso trabalho de pesquisa tem mostrado que quanto mais vazio o reservatório, mais dificilmente ele vai encher”, afirma Paulo Inácio Prado, professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências (IB) da USP.

O professor faz uma interessante analogia entre o que acontece nos reservatórios e um barco flutuando no mar. Ainda que sofra com o vento e as ondas, o barco consegue se manter navegando, mas quando há força suficiente para virar o barco, a energia despendida para reerguer o barco será muito maior que a utilizada para mantê-lo navegando. Os reservatórios quase secos, precisam de muito mais chuva para voltarem ao que eram, pois o solo, e o meio ambiente, absorve muito mais água, fazendo com que as precipitações de fevereiro e março, mesmo acima da média histórica, não tenham servido para resolver a questão, mas quando o sistema está cheio de água, o montante armazenado aumenta mais facilmente.

Por conta disso, o professor e dois colegas do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), os professores Renato Mendes Coutinho e Roberto André Kraenkel, decidiram criar o siteÁguas Futuras”, que faz previsões semanais e mensais sobre o assunto e é atualizado diariamente.

O modelo matemático utilizado no site para realizar as previsões é bastante simples. Utilizando apenas três variáveis e, assim, recursos computacionais bem mais modestos, o Águas Futuras faz projeções sobre o volume de água armazenado no Cantareira com uma margem de erro muito pequena e bastante semelhante a modelos mais robustos, como o do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Governo Federal. Este sistema garante a precisão das projeções, principalmente aquelas que se restringem ao período de 30 dias.

E, para este mês de maio, as perspectivas não são nada boas. Precisaria chover muito mais para gerar alguma alteração no Sistema Cantareira, o maior do estado. “Estamos em uma situação extremamente grave. Não se sabe se sairemos do volume morto ainda neste ano, então não podemos baixar a guarda”, afirma Paulo.

Muito em breve, de acordo com a promessa do grupo, um artigo detalhado sobre a crise hídrica será lançado, abrindo caminhos para outros trabalhos sobre o tema, como a demora de providências para tentar diminuir a crise: “Houve uma demora em tomar providências, sem dúvida”, finaliza Paulo.

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Redação greenMe

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